“Agora não se negocia soja, se negocia chuva”, afirma Antonio Sartori
Clima nos EUA entra em fase crítica e impacta commodities

As cotações da soja, do milho e do trigo passam a responder diretamente às variações climáticas nos Estados Unidos nas próximas semanas. A análise é de Antonio Sartori, diretor da Brasoja, que alerta para o início do chamado weather market — o mercado do clima — justamente no momento mais delicado para o desenvolvimento das lavouras norte-americanas.
De acordo com Sartori, entre 10 de julho e 30 de agosto ocorre o período mais sensível das culturas de verão nos EUA. “Às 5 da manhã já tem luz, calor e evapotranspiração. Às 9 da noite ainda tem luz, calor e evapotranspiração. É uma estufa. Isso é ótimo para soja e milho, desde que chova na mesma proporção do calor”, explica o executivo.
A influência do clima sobre os preços já se reflete nas bolsas internacionais. “Estamos vendo o mercado puxando o trigo, por causa da quebra de produtividade na Rússia, o milho, que entra agora no período crítico da polinização, e a soja, que depende diretamente das chuvas”, aponta Sartori.
Segundo ele, a partir de agora, o mercado estará mais atento às previsões meteorológicas do que a qualquer outro fator. “Daqui para frente, não vamos mais comprar ou vender soja. Vamos comprar ou vender chuva”, resume.
A avaliação de Antonio Sartori reforça a expectativa de forte volatilidade nos preços das commodities agrícolas. Qualquer alteração no regime de chuvas no cinturão produtor dos Estados Unidos poderá impactar diretamente a oferta global, com reflexos imediatos sobre os preços.