CI

Mercado da soja recua com pressão externa e expectativa de supersafra brasileira

Para os próximos dias, o mercado segue atento às definições macroeconômicas


Foto: United Soybean Board

A semana foi marcada por forte recuo nas cotações da soja na Bolsa de Chicago, em um ambiente de alta volatilidade e retração nas compras chinesas. Enquanto isso, o Brasil avança no plantio da safra 2025/26 sob incertezas climáticas, mas projeta exportação recorde até o final do ano. Segundo a Grão Direto, o mercado físico brasileiro apresentou comportamento misto, refletindo as indefinições no cenário externo e interno.

O contrato da soja para setembro/2025 encerrou a semana cotado a US$ 10,06 por bushel, acumulando queda de 2,99%. Para março/2026, a baixa foi de 2,30%, fechando a US$ 10,61/bushel. A pressão vem da ausência da China nas compras norte-americanas e da expectativa de maior oferta global, com os EUA colhendo sob boas condições e o Brasil iniciando uma nova temporada com estimativa de produção superior a 170 milhões de toneladas.

Segundo a Grão Direto, no mercado físico brasileiro, os preços oscilaram conforme a praça e o perfil de comercialização, mas com tendência de baixa. O produtor segue atento ao câmbio e aos prêmios, mas a referência internacional vem limitando oportunidades.

Dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) indicam que o Brasil deve embarcar cerca de 16 milhões de toneladas de soja entre outubro e dezembro, consolidando a projeção de um volume recorde de 110 milhões de toneladas exportadas em 2024. A robustez da oferta brasileira e a vantagem cambial seguem como diferenciais frente aos concorrentes globais.

No Paraná, o plantio já começou, mas a umidade do solo ainda é um desafio. As previsões para os próximos 15 dias indicam clima seco e temperaturas elevadas, o que pode limitar o avanço das operações, especialmente no Centro-Oeste. A possibilidade de formação tardia do fenômeno La Niña entre setembro e novembro também está no radar dos produtores, podendo impactar o regime de chuvas na primavera.

Outro fator que contribui para a pressão nas cotações é a expectativa do novo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12. O mercado antecipa revisão nos estoques finais dos EUA, mas mantém perspectiva de produção elevada. 

A China, maior compradora global, segue abastecida por volumes expressivos da safra brasileira. A estratégia do país asiático é manter estoques confortáveis no curto prazo, aguardando maior competitividade do programa norte-americano. No entanto, as margens negativas da suinocultura ainda limitam o ritmo de compras. No câmbio, o dólar recuou 0,37% na semana, fechando a R$ 5,40. A sinalização do Banco Central brasileiro de manutenção da Selic em 15% pode sustentar o real no curto prazo via carry trade, apesar do risco fiscal ainda pesar sobre o cenário. Nos EUA, incertezas políticas e divergências no Federal Reserve aumentam a volatilidade.

Para os próximos dias, o mercado segue atento às definições macroeconômicas, à evolução climática no Brasil e aos desdobramentos do relatório do USDA. A combinação entre prêmios, câmbio e timing de plantio pode gerar janelas de oportunidade, mas o cenário ainda é de cautela.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.