Colheita acelera e reduz preços do milho
Preço do milho recua no Centro-Oeste

As expectativas para o milho da segunda safra seguem elevadas, com projeções variando entre 105 e 108 milhões de toneladas. No entanto, o mercado continua enfrentando dificuldades no lado da demanda, o que tem limitado reações positivas nos preços. A análise é da Grão Direto, divulgada nesta segunda-feira (9).
Segundo a consultoria, a indústria de proteína animal, principal compradora do cereal, ainda sente os efeitos dos embargos sanitários impostos após o registro de um caso isolado de gripe aviária em Montenegro (RS). “Apesar das restrições ainda em vigor com cerca de 40 países, existe a expectativa de que o bloqueio ao estado do Rio Grande do Sul seja retirado já na próxima semana, o que pode reabrir parte da demanda externa”, aponta a análise.
No mercado interno, as usinas de etanol têm adotado uma postura mais conservadora. Com estoques elevados e margens apertadas, essas unidades têm comprado milho apenas para o curto prazo. “A queda recente nos preços dos combustíveis, influenciada pela política de paridade da Petrobras e pela desvalorização do petróleo, reduziu a competitividade do etanol”, observa a Grão Direto. Esse cenário tem restringido o ritmo de compras pelas usinas e impedido avanços consistentes nos preços do milho, apesar da demanda estável.
A colheita da segunda safra começou a avançar no Centro-Oeste. Embora algumas regiões ainda registrem chuvas pontuais, a expectativa é de aceleração nas próximas semanas. Com o aumento da oferta, os preços já mostram sinais de queda. Em municípios do norte do Mato Grosso, como Sinop, Sorriso e Itanhangá, foram registrados negócios abaixo de R$ 40,00 por saca.
A pressão decorre não apenas da entrada do milho no mercado, mas também do desalinhamento com a paridade de exportação (PPI). No Sul e Sudeste, granjas continuam pagando acima da referência para exportação, evidenciando que há firmeza na demanda interna, especialmente por parte da indústria de proteína animal.
No entanto, acordos comerciais recentes entre os Estados Unidos e países asiáticos, importantes compradores do milho brasileiro, têm aumentado a concorrência no mercado internacional. “Esses novos contratos ampliam a competitividade externa e tendem a pressionar ainda mais os preços do milho nacional destinado à exportação”, destaca a análise.
A Grão Direto aponta que, diante da combinação entre alta oferta, postura cautelosa das usinas e competição internacional crescente, a semana tende a ser marcada por preços mais baixos e instabilidade no mercado. “Não há muito espaço para reações no curto prazo”, conclui a consultoria.