Soja em queda na Bolsa de Chicago reflete incertezas geopolíticas
Mercado internacional da soja teve mais uma semana de desvalorização

O mercado internacional da soja teve mais uma semana de desvalorização. Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos do primeiro mês caíram para US$ 10,04/bushel na quinta-feira (24/07), contra US$ 10,21/bushel na semana anterior. A retração está diretamente ligada à boa evolução da safra norte-americana e à falta de novidades no comércio entre Estados Unidos e China.
Segundo informações divulgadas pela Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário – CEEMA, 68% das lavouras de soja nos Estados Unidos estão entre boas e excelentes condições, enquanto apenas 7% são classificadas como ruins ou muito ruins. A estabilidade climática tem favorecido o desenvolvimento das lavouras, o que pressiona os preços internacionais para baixo.
Mesmo com a boa performance no campo, as exportações norte-americanas seguem modestas. Na semana encerrada em 17 de julho, os embarques somaram apenas 364,9 mil toneladas, volume considerado baixo, ainda que dentro das expectativas do mercado. O acumulado do ano comercial, no entanto, já atinge 46,8 milhões de toneladas, superando em 10% o total exportado no mesmo período de 2024.
No outro lado do mundo, a China mantém sua forte demanda por soja brasileira. Em junho, as importações chinesas do Brasil cresceram 9,2%, totalizando 10,6 milhões de toneladas – o maior volume histórico já registrado para esse mês. Apesar disso, o volume acumulado do primeiro semestre sofreu leve recuo de 7,5% frente ao mesmo período do ano passado, somando 31,9 milhões de toneladas.
Com o cenário global em constante mudança, o CEEMA alerta para os riscos crescentes sobre o mercado da soja. Questões como logística internacional, inflação, conflitos armados e incertezas nas relações comerciais entre China e EUA devem impactar fortemente os preços e as margens em 2025/26. Segundo estimativas, a margem de lucro do produtor brasileiro pode cair de 176,5% em 2020/21 para apenas 15,3% na próxima temporada.
Enquanto isso, no Brasil, os preços no mercado físico apresentaram leve alta, favorecidos por prêmios positivos e exportações firmes. A média no Rio Grande do Sul foi de R$ 124,45/saca, com variações entre R$ 110,00 e R$ 123,00 nas demais regiões. A valorização interna ocorre mesmo com o câmbio recuando para R$ 5,52. A tendência, porém, ainda é de um mercado volátil e incerto para os próximos meses.