Soja brasileira ganha espaço com ausência dos Estados Unidos no mercado chinês
Índia compra óleo chinês com frete mais barato

Os preços da soja no Brasil continuam sustentados por prêmios firmes no mercado internacional, segundo análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), referente ao período de 25 a 31 de julho. A entidade destacou que a atual valorização se deve à redução da presença dos Estados Unidos no mercado chinês, o que abre espaço para o produto brasileiro e sustenta os valores pagos ao produtor no país.
“O câmbio voltou a se aproximar de R$ 5,60 por dólar, dentro do contexto das tensões comerciais com os EUA, o que ajuda a segurar os preços da oleaginosa”, afirma o boletim da Ceema. No Rio Grande do Sul, os preços giraram em torno de R$ 121,00 por saca nas principais praças, com média local de R$ 124,64. No restante do país, os valores oscilaram entre R$ 111,00 e R$ 122,00 por saca. A Ceema observa que, em um cenário de normalidade comercial, o preço médio no estado estaria por volta de R$ 110,00, ou seja, R$ 14,64 abaixo do valor atual.
Em outro destaque do relatório, a Ceema apontou uma movimentação atípica no mercado internacional. A Índia adquiriu 150 mil toneladas de óleo de soja da China, um volume considerado raro, dada a tradicional preferência indiana por óleo de palma e outras fontes. A decisão se deu pelo excesso de oferta do produto no mercado chinês, que passou a ser vendido com desconto entre US$ 15,00 e US$ 20,00 por tonelada em relação aos preços do Brasil e da Argentina. Segundo o boletim, "as moageiras chinesas compraram muita soja enquanto a demanda interna freou", o que resultou também em excedente de farelo.
A Ceema acrescenta que, para a Índia, a compra do produto chinês reduz custos logísticos. Enquanto os embarques da América do Sul demoram mais de seis semanas para chegar ao país asiático, os da China levam entre duas e três semanas.
Apesar da sustentação dos preços no mercado doméstico, o relatório indica que os valores atuais ainda estão, em boa parte do Brasil, abaixo dos praticados no mesmo período de 2024. Naquele ano, a média gaúcha no fim de julho era de R$ 122,78 por saca, e nas principais praças, o valor chegava a R$ 124,00. No restante do país, os preços oscilavam entre R$ 118,00 e R$ 128,00 por saca.