Recorde nos portos: soja se valoriza com demanda chinesa
A competitividade brasileira foi reforçada pela queda nos custos de frete

Os preços da soja no mercado brasileiro subiram em agosto, impulsionados pela disputa entre indústrias locais e exportadores, especialmente chineses. A valorização levou os indicadores do Cepea aos maiores patamares reais de 2025. Segundo a análise mensal do Cepea, o mês de agosto foi marcado por uma valorização consistente da soja em grão no Brasil. A combinação entre forte demanda externa — com destaque para a China — e o interesse das indústrias esmagadoras nacionais pressionou os preços para cima.
A competitividade brasileira foi reforçada pela queda nos custos de frete, o que estimulou negócios tanto no interior quanto nos portos. Como reflexo, os prêmios de exportação avançaram significativamente. Em Paranaguá (PR), o prêmio para o primeiro embarque chegou a US$ 2,25/bushel no dia 8 de agosto — o maior valor desde outubro de 2022.
Com esse cenário, os Indicadores CEPEA/ESALQ – Paranaguá e CEPEA/ESALQ – Paraná alcançaram os maiores níveis reais de 2025, com médias mensais de R$ 140,50/sc e R$ 134,07/sc de 60 kg, respectivamente. As altas em relação a julho foram de 2,6% e 2,8%; no comparativo com agosto de 2024, os aumentos chegaram a 5,5% e 3,7%. Nas regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços ao produtor (mercado de balcão) subiram 2,1% entre julho e agosto. Nas negociações entre empresas (mercado de lotes), a elevação foi de 3%.
Apesar da alta acumulada, a última semana de agosto registrou ritmo mais lento nos negócios. A expectativa de colheita da safra 2025/26 no Hemisfério Norte, a possibilidade de avanço nas negociações comerciais entre EUA e China e a valorização do real frente ao dólar reduziram o apetite internacional pela soja brasileira. O dólar fechou o mês com média de R$ 5,45 — queda de 1,5% em relação a julho. O óleo de soja também se destacou, com valorização de 6,4% no mês e média de R$ 7.070,92/t — a maior desde novembro de 2024. A alta foi puxada pelo aumento da mistura obrigatória de biodiesel para 15%, em vigor desde 1º de agosto.
Já o farelo de soja teve leve alta de 0,6% no mês, sustentada pelo consumo dos setores de aves e suínos. No entanto, a valorização foi limitada pela expectativa de maior oferta com o avanço do esmagamento. No comparativo anual, o preço do farelo caiu 23,1%. Nos Estados Unidos, os preços da soja em grão recuaram 0,38% em agosto, chegando ao menor nível desde março. O contrato de primeiro vencimento foi cotado a US$ 10,0579/bushel. Apesar da queda mensal, o preço está 2,1% acima de agosto de 2024.
O óleo de soja caiu 3,9% no mercado externo, diante da expectativa de maior produção de óleo de palma na Indonésia. Em contrapartida, o farelo subiu 5,6% em Chicago, influenciado pela demanda global.