Crescente mercado de biometano atrai novos investimentos no Rio Grande do Sul
Combustível foi descrito como estratégico na transição energética

A importância do biometano na transição energética foi o tema do segundo dia do painel Diálogos Energia e Futuro, organizado pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e pela Casa Civil na 48ª Expointer. A apresentação de investimentos e projetos para a crescente demanda do gás produzido a partir de resíduos reuniu integrantes de empresas que são destaque nesse segmento no país e no Estado.
Realizado no estande do Governo do Estado na feira, o painel abordou a cadeia produtiva de ponta a ponta, desde a geração a partir de resíduos até o consumo final. O biometano pode ser utilizado em aplicações industriais, residenciais e veiculares.
Estratégias e investimentos
A Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR) detalhou sua estratégia de transformar resíduo de aterros sanitários para produzir gás. No município de Minas do Leão, a empresa investiu R$ 150 milhões, e agora produz 40 mil metros cúbicos (m³) de biometano por dia. A unidade já tem previsão de ampliação em 2028.
Antes disso, a CRVR terá outras inaugurações. A partir de julho de 2026, produzirá 34 mil m³ diários em uma planta em São Leopoldo, na Grande Porto Alegre. E seguirão novos investimentos com a finalidade de descentralizar a produção: em Santa Maria, Vitor Graeff e Giruá.
A empresa, que hoje produz 66 mil m³/dia, pretende alcançar 250 mil diários até 2030 - volume que representa 10% do consumo atual de gás natural do Estado (cerca de 2,5 milhões de m³/dia).
Na área de transporte, a Reiter Log apresentou a estratégia na busca de neutralizar carbono. Com frota de 2.400 caminhões, tem 290 movidos a gás, que podem usar biometano. O vice-presidente da empresa, Silvio Cesar, explicou que as rotas desses veículos são bem planejadas para encontrar a disponibilidade de abastecimento ao longo do percurso.
O executivo ainda detalhou o investimento que a Reiter Log fará para se tornar produtora de biometano. No município de Capão do Leão, foi constituída uma joint venture entre a Estancia Del Sur, empresa agropecuária do grupo, e a Geo Biogás & Carbon, para a construção de uma usina.
A unidade utilizará como matéria-prima resíduos orgânicos provenientes da produção agropecuária da própria estância para geração de biometano. O combustível abastecerá caminhões da Reiter Log, consolidando um modelo completo de economia circular. Com investimento de R$ 120 milhões, a planta deve começar a operar em 2027 com capacidade inicial de 400 mil m³ de biometano por mês.
Apostas
Na sequência do painel, Tiago Augusto Santos, diretor de Novos Negócios da Ultragaz, disse que a empresa aposta no modal rodoviário para a distribuição do gás no país. Assim, aproveita a capilaridade logística para acessar mercados afastados de gasodutos.
"Temos R$ 150 milhões para investir no Rio Grande do Sul, um Estado pujante e estratégico", disse. A empresa atua na etapa final da cadeia: compressão, transporte e descompressão do biometano para o consumidor. "A Ultragaz foi a primeira empresa de GLP [gás liquefeito de petróleo] do Brasil, e hoje se posiciona como uma companhia de soluções energéticas", disse o diretor.
No encerramento do segundo dia do Diálogos Energia e Futuro, Lucas Garrigós, diretor financeiro da Bioo, destacou a atratividade de investimentos em biometano. A empresa já tem uma unidade em Triunfo, com um contrato de venda da produção por dez anos. Agora, está em licenciamento uma planta em Passo Fundo.
A instalação no interior também tem a finalidade de internalizar o produto em locais não atendidos por gasodutos. Conforme o diretor, a falta dessa estrutura pode ser uma oportunidade para novos negócios. "Somos uma empresa jovem, indo para três anos de existência, e temos uma meta bastante clara na economia circular. Recebemos e tratamos resíduos da indústria e geramos biometano, além de biofertilizantes, que voltam para o agro", detalhou Garrigós.
Expansão
As estratégias apresentadas mostram um ecossistema de biometano em franca expansão no Rio Grande do Sul, impulsionado por empresas que investem em tecnologia, infraestrutura e modelos de negócio circulares para superar os desafios e consolidar o Estado como um protagonista na transição energética nacional.
O painel Diálogos Energia e Futuro prossegue na quarta-feira (3/9), às 9h, no estande do Governo do Estado na Expointer. O tema será a logística envolvendo o hidrogênio verde. A mediação será do presidente da Invest RS, Rafael Prikladnicki.