Nova queda nos preços mundiais do arroz
O comércio mundial de arroz em 2024 aumentou em 12%

Em julho, os preços mundiais do arroz caíram em média 2,5% devido à redução da demanda global, em um contexto de abundante oferta para exportação que continuará pressionando o mercado, pelo menos até o final de 2025. A queda atinge todos os grandes países exportadores, exceto os Estados Unidos, onde os preços permanecem relativamente estáveis graças à demanda latino-americana. A queda dos preços de exportação foi bastante significativa na Tailândia enquanto no Vietnã as quedas foram mais moderadas devido à forte demanda das Filipinas. Na Índia, o declínio dos preços também foi limitado.
Inclusive, o arroz parboilizado indiano manteve-se estável graças à forte demanda da África Ocidental e às perspectivas de vendas para Bangladesh. No Paquistão, os preços caíram apenas 1%, devido à redução sazonal da oferta exportável. No Mercosul, os preços continuaram caindo diante dos altos estoques de exportação. A produção mundial deve aumentar 1% em 2025, para 836 Mt (555,6 Mt base beneficiado). O comércio mundial cresceria 3%, atingindo o nível recorde de 62 Mt.
Em julho, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu 4,9 pontos, para 189,7 pontos (base 100 = janeiro de 2000), contra 194,6 pontos em junho. Em meados de agosto, o índice IPO continuava enfraquecido, em 188 pontos.
Produção mundial
Segundo as últimas estimativas da FAO, a produção mundial de arroz em 2024 teria aumentado 2,8%, para 829 Mt (550 Mt base beneficiado), contra 806,0 Mt em 2023. Esse aumento reflete as boas safras asiáticas, especialmente na Índia, com um aumento de 6%. Em contraste, a produção chinesa caiu 1% em 2024, embora espere-se uma recuperação em 2025. A Índia é agora o maior produtor de arroz do mundo, ultrapassando a China. Na África Subsaariana, a produção teria aumentado 3% em 2024, mas poderia estagnar em 2025. Na América do Norte, a produção aumentou ligeiramente, enquanto no Mercosul, a produção de 2025 teria melhorado em 15% em comparação com as desapontadoras safras de 2024.
Comércio e estoques mundiais
O comércio mundial de arroz em 2024 aumentou significativamente em 12%, atingindo um nível histórico de 60 Mt, contra 53,5 Mt em 2023. Esse aumento se deve principalmente à maior demanda de importação das Filipinas e da Indonésia. Na África Subsaariana, o maior mercado de importação, a demanda também cresceu fortemente em 17% e pode aumentar novamente de 15% em 2025. Os países africanos se beneficiaram amplamente das isenções às medidas de proibição de exportação impostas pela Índia.
Por outro lado, a China reduziu significativamente suas importações em 2024, preferindo usar suas enormes reservas domésticas para atender à demanda interna. A perspectiva para 2025 confirma a recuperação do mercado global observada no último trimestre de 2024. Espera-se que o comércio mundial aumente 3% e atinja um novo recorde de 62 Mt, já 11% da produção mundial de arroz.
Os estoques mundiais de arroz no final de 2024 se recuperaram em 2,5% para 198,7 Mt. Em 2025, os estoques poderiam aumentar novamente em 5,7%, e atingir um novo recorde de 209,5 Mt. As reservas chinesas permaneceram estáveis em torno de 100 Mt, respondendo por 70% do consumo doméstico anual e
50% das reservas mundiais. Na Índia, os estoques aumentaram em 8%, após a limitação das exportações em 2023 e 2024. Os estoques dos principais países exportadores ficaram em 67 Mt em 2024, representando quase 35% dos estoques mundiais.
Na Índia, os preços do arroz resistiram melhor à queda, especialmente o do arroz parboilizado, devido à forte demanda africana. No entanto, a tendência baixista deve continuar, dada a abundância de excedentes exportáveis e as boas perspectivas de colheita. Estas podem atingir um recorde de 147 Mt (base beneficiado). Nesse contexto, as exportações foram revisadas para um patamar mais alto et podem atingir 25 Mt em 2025, um aumento de 40% em relação a 2024 e equivalente a mais de 40% do comércio global de arroz. Em julho, o arroz branco indiano 5% marcou uma média de $ 375/t FOB, contra $ 382 em junho. O arroz parboilizado mantevese estável em torno de $ 375. Em meados de agosto, os preços continuavam caindo.
Na Tailândia, os preços caíram significativamente de 5% devido à redução da demanda externa. Além disso, os exportadores buscam reduzir os diferenciais de preços em relação à concorrência vietnamita. A oferta exportável é satisfatória, mas os traders ainda esperam novas quedas de preços com a chegada das primeiras colheitas no final de agosto. Em julho, o arroz tailandês 100%B ficou em média de $ 389, contra $ 407 em junho. O arroz parboilizado foi negociado a $ 384, contra $ 404 anteriormente. O arroz quebrado A1 Super resistiu melhor, marcando $ 351 contra $ 354 em junho. Em meados de agosto, os preços tailandeses continuavam fracos.
No Vietnã, a queda dos preços foi limitada a 1,5%, graças às compras sustentadas das Filipinas. O governo filipino anunciou a proibição das importações de arroz a partir de 1º de setembro, o que levou os importadores a realizar novas compras de arroz vietnamita antes da entrada em vigor da medida governamental. Por outro lado, as vendas vietnamitas seguem ativas para a África Ocidental. As exportações vietnamitas podem atingir um total de 8,4 Mt, contra 9,1 Mt em 2024. Em julho, o arroz Viet 5% foi negociado a $ 380, contra $ 389 anteriormente. O Viet 25% caiu para $ 360, contra $ 363. Em meados de agosto, os preços tendiam a se fortalecer.
No Paquistão, os preços do arroz caíram entre 1% e 1,5%, mantendo-se competitivos frente aos preços indianos. A oferta exportável está reduzida, mas deve melhorar nas próximas semanas com a chegada das novas safras. Em 2025, as exportações podem cair menos do que o previsto, para 6 Mt, contra 6,5 Mt em 2024. Em julho, o Pak 5% foi negociado a $ 388, contra $ 393 em junho. Em meados de agosto, os preços paquistaneses tendiam a enfraquecer devido à chegada de novas ofertas ao mercado.
Na China, a produção teria caído 1% em 2024, para 143,3 Mt (base beneficiado), devido às enchentes que afetaram parte do país. Novas inundações poderiam ameaçar os cultivos de arroz nas regiões nordeste e sul. Espera-se que a demanda de importação chinesa aumente em 30% em 2025, estimulada pela queda dos preços mundiais.
Nos Estados Unidos, os preços do arroz caíram levemente de 0,5%, dentro de um mercado externo pouco ativo. Em julho, as exportações teriam atingido 140.000 t (base beneficiado), contra 145.000 t em junho, marcando um atraso de 28% em relação ao mesmo período de 2024. Em julho, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 marcou $ 658/t, contra $ 661 anteriormente. Em meados de agosto, o preço caia para $ 650. Na bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz casca caíram 7%, para $ 279/t, contra $ 302 em junho. Em meados de agosto, os preços futuros se mantinham relativamente estáveis, em torno de $ 280.
No Mercosul, os preços de exportação caíram mais 2,5% dentro de um mercado pouco ativo. É o décimo mês consecutivo de queda, devido aos elevados estoques exportáveis. Em contraste, o preço indicativo do arroz casca brasileiro manteve-se firme em $ 246/t, contra $ 241 em junho. Em meados de agosto, o preço do arroz casca seguia subindo para $ 253.
Na África Subsaariana, a oferta de arroz doméstico continua limitada e a demanda de importação de arroz asiático tende a aumentar. Segundo as últimas previsões, as importações podem crescer 15% em 2025, devido ao estancamento da produção, atingindo 22,6 Mt contra 19,8 Mt em 2024.