Preços do arroz seguem em queda no RS

Os preços do arroz em casca continuaram em queda no Rio Grande do Sul ao longo de agosto, pressionando toda a cadeia produtiva, do beneficiamento ao varejo. Segundo dados do Cepea, o cenário segue incerto, influenciado por exportações, estoques e ações do governo.

Queda persistente e liquidez baixa
Conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ainda que menos intensamente, os preços do arroz em casca seguiram em queda no Rio Grande do Sul durante o mês de agosto. O Indicador CEPEA/IRGA-RS recuou 3,06% entre 31 de julho e 29 de agosto, acumulando queda de 31,5% no ano e de 41,8% em 12 meses.

O mercado permaneceu com baixa liquidez, reflexo da retração tanto por parte dos vendedores, que aguardam maior clareza de mercado, quanto dos compradores, que enfrentam dificuldades para repassar os custos ao arroz beneficiado.

Intervenção do governo e exportações no radar
Diante da instabilidade, o governo federal realizou leilões de contratos de opção de venda com preços acima dos praticados pelo mercado. A Conab negociou 109,2 mil toneladas, praticamente esgotando a oferta de 110 mil toneladas disponibilizadas. No RS, foram firmados 2.934 contratos — quase 100% da oferta regional.

Segundo analistas do Cepea, a recuperação sazonal esperada para o segundo semestre depende diretamente do comportamento das exportações e dos estoques disponíveis.

Reflexos no atacado e varejo
O arroz beneficiado também registrou desvalorização. Dados do Irga apontam queda de 5,3% nos preços médios da saca de 30 kg entre junho e julho, passando de R$ 137,33 para R$ 129,99. Em 12 meses, a retração é de 16,1%.

No varejo, a pressão foi ainda mais acentuada. Segundo o IPCA do IBGE, os preços recuaram 2,89% de junho para julho, marcando o décimo mês consecutivo de queda. A retração acumulada chega a 16,9% no ano e 18,8% em 12 meses. No IPCA-15, a baixa foi de 3,12% entre 16 de julho e 14 de agosto.

Cenário regional e qualidade do grão
A queda nos preços foi generalizada em todas as microrregiões que compõem o Indicador CEPEA/IRGA-RS. A Campanha registrou o recuo mais acentuado (3,47%), seguida pela Zona Sul (3,3%) e Depressão Central (3,07%).

Em relação à qualidade, o arroz com 63% a 65% de grãos inteiros teve queda de 2,13%, fechando agosto a R$ 67,97/sc. Já os grãos com 59% a 62% recuaram 2,54% (R$ 67,59/sc), enquanto o produto com 50% a 57% teve desvalorização de 1,58%, para R$ 65,50/sc.

Próximos passos e impactos no setor
A indefinição sobre os rumos da política de comercialização e o comportamento das exportações coloca o setor em compasso de espera. A tendência para os próximos meses dependerá do equilíbrio entre oferta interna, competitividade internacional e novas sinalizações do governo sobre possíveis novas intervenções no mercado.