CI

Trigo recua no Brasil com moinhos abastecidos e pressão da nova safra

Estimativas indicam menor área, mas maior produtividade


Foto: Canva

As negociações de trigo em grão seguiram limitadas em agosto. Segundo dados do Cepea, a combinação de estoques cheios, expectativa de boa safra e pressão internacional resultou em queda dos preços no Brasil.

Mercado retraído e pressão de safra
Com os moinhos já abastecidos, o mercado de trigo em grão manteve ritmo lento em agosto. Segundo o Cepea, vendedores priorizaram o andamento das lavouras e o início da colheita no Sul do Brasil. Aqueles com necessidade imediata de caixa aceitaram preços menores, enquanto as moageiras ofertaram valores ainda mais baixos.

Fatores como a aproximação da colheita em maior escala, a ampla oferta global e a taxa de câmbio em patamar mais baixo reforçaram o movimento de desvalorização.

Safra nacional em boas condições
No Paraná, a colheita começou no fim de agosto e alcançou 5% da área até 1º de setembro, com 80% das lavouras em boas condições. Conforme a Seab/Deral, o manejo segue constante devido à presença de doenças como ferrugem e oídio, mas a produtividade inicial é considerada positiva.

No Rio Grande do Sul, 82% das lavouras estavam em fase vegetativa no fim de agosto, e as chuvas não causaram danos relevantes. A Emater/RS aponta preocupação com fungos, mas o desenvolvimento das lavouras segue promissor.

Cotações em queda nos estados produtores
A média mensal do trigo em agosto/25 recuou em todas as praças acompanhadas pelo Cepea. No Rio Grande do Sul, o preço foi de R$ 1.291,08/t (-2% frente a julho e -12,2% em 12 meses). No Paraná, a cotação foi de R$ 1.433,50/t (-2,9% e -9,4%, respectivamente). Em São Paulo, o recuo foi de 4,6% no mês e 12,6% no ano, para R$ 1.431,12/t. Em Santa Catarina, o preço médio foi de R$ 1.432,41/t (-0,6% e -7,6%).

Estimativas indicam menor área, mas maior produtividade
A Conab estima que a área plantada de trigo em 2025 será de 2,55 milhões de hectares, queda de 16,7% frente à safra anterior. Ainda assim, a produtividade pode crescer 19%, alcançando 3,07 t/ha. A produção estimada é de 7,81 milhões de toneladas, apenas 1% abaixo de 2024. A oferta interna somada à importação deve atingir 15,39 milhões de toneladas, com consumo estimado em 11,83 milhões e exportações em 2,1 milhões de toneladas.

Mercado externo também recua com safra do Hemisfério Norte
No cenário internacional, a colheita nos EUA foi concluída e a da Argentina avança com lavouras em boas condições. Segundo o USDA, os preços no mercado internacional recuaram. O trigo Soft Red Winter teve média de US$ 186,96/t em agosto, queda de 5,8% frente a julho. Já o Hard Winter foi cotado a US$ 185,50/t, com recuo mensal de 2,7%.

Derivados em baixa e importações crescentes
Os preços dos derivados de trigo também caíram. Segundo o Cepea, o farelo a granel cedeu 1,3%, enquanto as farinhas tiveram quedas entre 0,06% e 2,6%, dependendo da categoria.

Na balança comercial, o Brasil importou 493,23 mil toneladas de trigo em agosto, 94,4% da Argentina. O preço médio de importação foi de R$ 1.262,52/t. No acumulado do ano, as importações somam 4,68 milhões de toneladas, alta de 2,7% frente a 2024.

Com moinhos abastecidos, boa perspectiva de safra e cenário internacional pressionado, o mercado de trigo deve manter tendência de acomodação nos preços no curto prazo. A atenção agora se volta ao avanço da colheita no Brasil e à evolução da demanda interna.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.