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Preços agropecuários recuam em julho e se distanciam da inflação industrial, aponta Cepea

A queda mais acentuada foi observada no IPPA-Cana-Café



Foto: Pixabay

Os preços recebidos pelos produtores agropecuários brasileiros registraram queda nominal de 3,2% em julho, conforme levantamento do Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/CEPEA). O movimento de baixa contrasta com a inflação dos produtos industriais no atacado, que teve alta de 0,8% no mesmo período, segundo o IPA-OG-DI, da Fundação Getulio Vargas (FGV). O dado indica uma desvalorização relativa do agro frente ao setor industrial dentro da economia brasileira.

A retração do IPPA em julho foi puxada por três dos quatro grupos analisados pelo Cepea. O IPPA-Grãos cedeu 1,4%, com influência direta da retração nas cotações da soja e do milho. Já o IPPA-Pecuária registrou baixa de 3%, movimento atribuído ao recuo nos preços do boi gordo e do frango vivo. A queda mais acentuada foi observada no IPPA-Cana-Café, que encolheu 9,1% no mês, refletindo perdas no valor da cana-de-açúcar e do café arábica. Em contrapartida, o grupo de Hortifrutícolas teve valorização de 3,4%.

No mercado internacional, os preços dos alimentos convertidos em Reais recuaram 2,3% em julho. Essa variação foi influenciada pela queda de 0,3% do dólar frente ao Real e pela retração de 1,9% nos preços globais dos alimentos. O cenário externo, portanto, também contribuiu para pressionar os preços internos do setor agropecuário, sobretudo na comercialização de commodities.

Apesar da queda mensal, o acumulado do IPPA nos sete primeiros meses de 2025 é positivo: alta de 16,4% frente ao mesmo período do ano passado. Esse avanço é sustentado por aumentos expressivos nos grupos IPPA-Grãos (+7,4%), IPPA-Pecuária (+25,8%) e IPPA-Cana-Café (+27,7%). A exceção é o IPPA-Hortifrutícolas, que acumula retração de 13,4% no ano, penalizado por maior oferta e menor demanda em algumas praças.

No mesmo intervalo, o índice de inflação industrial IPA-OG-DI registrou alta de 5%, sinalizando que o agro mantém, até o momento, uma margem de valorização superior em 2025. Além disso, os preços internacionais dos alimentos em Reais avançaram 11% no acumulado, impulsionados principalmente pela valorização cambial de 11,1%, mesmo com leve queda de 0,2% nos preços internacionais dos alimentos em dólar.

Para os analistas do Cepea, o comportamento dos preços do agro em julho reforça a necessidade de atenção por parte dos produtores na gestão de riscos e estratégias comerciais. A diferença entre a inflação do setor agropecuário e dos produtos industriais pode impactar o poder de compra dos produtores e afetar decisões de investimento, sobretudo em culturas e cadeias com margens mais comprimidas. O cenário segue desafiador, e a volatilidade global deve continuar influenciando os rumos do mercado nos próximos meses.

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