Empresas em recuperação judicial batem recorde

O número de empresas em recuperação judicial (RJ) no Brasil atingiu 4.965 no 2º trimestre de 2025, o maior volume desde o início da série histórica do Monitor RGF da Recuperação Judicial, iniciada em 2023. Segundo o monitor, houve crescimento de 1,7% em relação ao trimestre anterior, embora o ritmo tenha desacelerado em comparação ao avanço de 6,9% registrado no 1º trimestre. O Índice RGF de Recuperação Judicial (IRJ-RGF), que mede a proporção de empresas em RJ a cada mil ativas, recuou levemente de 1,98 para 1,97, reflexo do aumento de cerca de 61 mil empresas ativas no país.

Entre as 147 empresas que saíram da RJ no período, 58% retomaram a operação normal, 29% faliram e 13% foram baixadas ou suspensas por pendências cadastrais. Rodrigo Gallegos, sócio da RGF, alerta que “e aprovar o plano não é o suficiente — o que sustenta a virada é disciplina na execução. Sem isso, o risco volta rápido”.

O setor agropecuário apresentou o maior crescimento em RJs, passando de 341 para 388 empresas, alta de 13,8%, com IRJ de 11,49, o mais elevado entre os pilares econômicos. Indústria (1.121), serviços (1.127), comércio (1.003) e construção, energia e saneamento (983) completam o ranking de setores com mais empresas em RJ, com variações discretas no trimestre. Entre os segmentos mais impactados estão o cultivo de soja e a criação de bovinos, no agro, e transporte rodoviário de carga e supermercados, em serviços e comércio.

O cenário segue desafiador, marcado por crédito restrito, altas taxas de juros e instabilidade global. Gallegos reforça que empresas que monitoram fluxo de caixa, renegociam dívidas com critério e ajustam rapidamente suas operações atravessam melhor períodos de crise, enquanto aquelas sem disciplina financeira e operacional enfrentam maior risco de insolvência.