Abiarroz integra missão oficial à China e reforça articulação pela abertura do mercado ao arroz brasileiro
Indústria orizícola busca estreitar laços com país asiático

A Associação Brasileira da Indústria do arroz (Abiarroz) participou, neste mês, de uma missão oficial à China, com foco no avanço das tratativas para a abertura do mercado chinês ao arroz brasileiro. A viagem internacional teve o intuito de estreitar laços entre os países e contribuir para o avanço de um acordo fitossanitário — primeiro passo para viabilizar a exportação do grão beneficiado ao país asiático. A China é hoje a maior consumidora do cereal no mundo.
A missão, que ocorreu em Pequim e incluiu encontros com autoridades chinesas e brasileiras, foi organizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE). A comitiva também cumpriu agendas na cidade de Xangai e Hefei, organizadas no âmbito do projeto de exportação Brazilian Rice, com visitas técnicas às principais indústrias do setor orizícola, visita a uma lavoura de arroz e presença institucional na Feira Sial China 2025 — uma das três maiores exposições de alimentos do mundo, considerada referência para empresas que buscam entrar na Ásia e na China.
Representando a Abiarroz, o diretor de Assuntos Internacionais da entidade, Gustavo Trevisan, esteve presente em evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, autoridades chinesas e representantes do setor privado. Em agenda institucional com o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, durante a missão, teve a oportunidade de enaltecer as qualidades do arroz brasileiro. “Foi possível perceber um alinhamento muito forte entre os governos Brasil e China, com presença importante de autoridades e empresários — mais de 200 empresas brasileiras e 400 chinesas, de diferentes ramos, participaram.
A missão foi estratégica: conseguimos avançar em pautas importantes e saímos com boas perspectivas”, avalia Trevisan, que também participou do painel “Diálogo Brasil-China sobre Segurança Alimentar”, promovido pela ApexBrasil. Visitas técnicas Durante as visitas técnicas, a Abiarroz teve a oportunidade de conhecer o processo de seleção de grãos da fornecedora de tecnologia Anysort, o modelo de industrialização da Wilmar International e a operação de beneficiamento da COFCO, estatal chinesa de alimentos. Foi possível observar que, em termos de maquinário e tecnologia de indústria, o Brasil está em patamar semelhante ao chinês — com a diferença de que, na China, o uso de embalagens a vácuo é significativamente mais acessível.
Já em relação a rastreabilidade e sustentabilidade, os padrões se mostraram equivalentes aos disponíveis à indústria orizícola nacional. Atualmente, a China importa cerca de 2 milhões de toneladas de arroz por ano — especialmente dos tipos longo fino, produzido no Brasil, e quebrado — com origem majoritária na Tailândia, Vietnã e Camboja. Desde 2016, a Abiarroz atua em diversas frentes para incluir a indústria brasileira no rol de fornecedores.
“Ainda não é possível afirmar quando isso ocorrerá. Contudo, esperamos que o governo brasileiro mantenha os esforços para uma negociação favorável para ambos os países”, afirma a diretora da Abiarroz, Andressa Silva. “O Brasil tem plenas condições de atender à demanda chinesa com qualidade, competitividade e sustentabilidade.
Essa missão foi estratégica para fortalecer os laços institucionais e demonstrar que o setor orizícola brasileiro está pronto para se tornar parceiro comercial da China”, complementou. Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Entre os principais produtos enviados ao país asiático estão óleos brutos de petróleo, soja e minério de Ferro, e concentrados. O Brasil, por sua vez, importa principalmente embarcações, equipamentos de telecomunicações, máquinas e aparelhos elétricos, além de válvulas.