Mercado do algodão segue travado: preços oscilam e qualidade preocupa compradores
Compradores relatam dificuldades com padrão da fibra

O mercado de algodão no Brasil segue enfrentando uma fase de instabilidade, com oscilações pouco expressivas nos preços e baixa liquidez nas negociações. Mesmo com a colheita avançando em várias regiões e expectativas de uma safra recorde, o cenário ainda é marcado por incertezas e resistência entre compradores e vendedores.
De acordo com informações do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), desde a última dezena de junho, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em até 8 dias, tem oscilado dentro de uma faixa estreita de cerca de 2%. As cotações têm permanecido entre R$ 4,08 e R$ 4,17 por libra-peso, sem força suficiente para romper os limites desse intervalo.
Um dos principais entraves apontados pelos pesquisadores do Cepea é a dificuldade em encontrar algodão com a qualidade demandada pela indústria. Apesar do avanço da colheita da nova temporada, produtores relatam que boa parte da oferta inicial ainda não atinge os padrões exigidos, o que tem desestimulado a concretização de novos negócios.
Além disso, o mercado enfrenta uma espécie de impasse estratégico. De um lado, vendedores aguardam preços melhores diante do custo de produção elevado. Do outro, compradores pressionam por valores mais baixos, justificando o cenário ainda incerto na cadeia têxtil. Esse descompasso tem resultado em baixa liquidez no mercado spot.
A tendência, segundo analistas, é que esse cenário de resistência mútua entre os agentes persista ao menos até que a colheita avance de forma mais expressiva e as características da fibra da nova safra sejam melhor definidas.