Exportações de suco de laranja podem ter prejuízo bilionário mesmo fora da tarifa de 50% dos EUA
Setor também enfrenta pressão pela queda dos preços internacionais

O Brasil pode enfrentar perdas superiores a R$ 2,9 bilhões nas exportações de suco de laranja e derivados para os Estados Unidos, mesmo com o setor ficando de fora da tarifa de 50% aplicada ao produto in natura. O impacto vem da inviabilidade das vendas de subprodutos citrícolas, como óleos essenciais e células cítricas, que seguem taxados em 50% e são fundamentais para as indústrias de bebidas e cosméticos norte-americanas.
Segundo informações divulgadas pela CitrusBR, esses subprodutos renderam US$ 177,8 milhões (R$ 973,6 milhões) na safra anterior e agora tendem a ter as exportações inviabilizadas. Além disso, a tarifa de 10% sobre o suco de laranja deve gerar um impacto adicional de US$ 103,6 milhões (R$ 566,7 milhões), considerando os volumes registrados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) na safra 2024/25.
Nos Estados Unidos, cerca de 58% do consumo de suco é de produto reconstituído, que utiliza insumos como células cítricas e óleos essenciais — ambos afetados pela nova taxação. “Isso pode prejudicar a experiência do consumidor, impactar as empresas americanas e, consequentemente, toda a cadeia produtiva brasileira”, alerta o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.
O setor também enfrenta pressão pela queda dos preços internacionais, resultado do aumento de 36% na oferta de frutas em relação à safra anterior, conforme o Fundecitrus. O preço médio da tonelada exportada para os EUA recuou 20,17% entre a safra passada e agosto deste ano, passando de US$ 4.243 para US$ 3.387, o que representa uma perda estimada de US$ 261,8 milhões (R$ 1,43 bilhão).
Combinando a retração nos preços e os impactos tarifários, o prejuízo total pode superar R$ 2,9 bilhões. “Apesar do alívio por não estarmos sujeitos à tarifa máxima, os desafios para 2024 são expressivos e exigem estratégias para mitigar os efeitos no mercado”, conclui Netto.