Exportação de hortigranjeiros cresce 28% no semestre
Safra de inverno reduz valor da batata no varejo

A maior oferta de produtos como cenoura, batata, cebola e folhosas nos principais mercados atacadistas do país contribuiu para a queda dos preços médios em junho. A avaliação consta no 7º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado nesta terça-feira (22) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De acordo com o levantamento, o movimento de queda foi observado em hortaliças e frutas. “Depois de um movimento de alta desde o início do ano, os preços da cebola em junho apresentaram reversão”, aponta o boletim. A maior retração percentual ocorreu em Pernambuco, com 26,37%. Apenas em Santa Catarina os preços subiram. A Conab explica que esse comportamento está relacionado ao aumento da produção em estados como São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia, o que eleva a oferta e reduz os custos logísticos.
Para a batata, a intensificação da safra de inverno impulsionou a queda nos preços, com destaque para as regiões produtoras de Araxá (MG), São João da Boa Vista (SP) e Cristalina (GO). A maior redução foi registrada no Rio de Janeiro. Já no caso da cenoura, mesmo com menor oferta em junho, o volume disponível nas Centrais foi suficiente para pressionar os preços para baixo.
A alface também apresentou redução nos preços médios. A Conab atribui essa queda à “diminuição da demanda, normal nessa época do ano, motivada por temperaturas inferiores”. Em relação ao tomate, o mercado teve comportamento irregular: enquanto Fortaleza registrou alta de 36,2%, Rio Branco teve queda de 17,56%. Segundo a Conab, “a maturação mais lenta do tomate, por causa das baixas temperaturas ou até geadas nas principais regiões produtoras, reduziu a oferta”. Ao mesmo tempo, o frio também impactou negativamente a demanda.
Nas frutas, banana, laranja, mamão e melancia apresentaram retração nos preços. A banana nanica teve maior volume comercializado durante o mês, o que levou à redução das cotações. Apenas no final de junho os preços começaram a subir. Já a banana prata, com menor oferta, manteve-se mais cara ao longo do período.
O boletim também destaca que a laranja teve nova queda de preços “em quase todas as Ceasas”, com aumento na oferta de variedades precoces e tardias. A demanda retraída, associada à concorrência com a mexerica poncã, contribuiu para a desvalorização. A melancia seguiu a mesma tendência, com queda nas cotações impulsionada pela combinação de frio nos centros consumidores e boa oferta.
O mamão teve redução na disponibilidade das variedades papaya e formosa. Ainda assim, a média ponderada de preços teve variação negativa de 1,7%, “devido à menor procura pela fruta”. Por outro lado, a maçã foi a única entre os itens analisados a registrar aumento de preços. “Mesmo com demanda baixa, vários mercados reagiram com elevação de preços, por conta do controle de oferta executado pelas classificadoras e do aumento das importações”, explica o boletim.
No primeiro semestre de 2025, o Brasil exportou 559,84 mil toneladas de hortigranjeiros, alta de 28% em relação ao mesmo período de 2024. O faturamento foi de US$ 646,2 milhões (FOB), valor 16% superior ao registrado no mesmo intervalo do ano passado. Os principais estados exportadores foram Rio Grande do Norte, Ceará, São Paulo e Pernambuco. Já os principais destinos foram Bélgica, Países Baixos, Estados Unidos, Reino Unido e China.
A edição de julho do boletim também trouxe destaque para o projeto “Ceasa Verde”, iniciativa voltada à destinação correta dos resíduos gerados nas Centrais de Abastecimento, alinhada aos princípios da economia circular.
Os dados do Prohort são coletados nas Centrais de Abastecimento de São Paulo e Campinas (SP), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Curitiba (PR), São José (SC), Goiânia (GO), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Rio Branco (AC), responsáveis por grande parte da comercialização dos hortigranjeiros no Brasil.