Trigo: México enfrenta menor irrigação em 20 anos

A produção de trigo no México para a safra 2025/26 será severamente impactada pela escassez hídrica, segundo o relatório de maio da World Agricultural Production (WAP), publicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Aproximadamente 96% do trigo cultivado no país é da variedade de inverno, semeada entre outubro e dezembro e colhida de abril a junho do ano seguinte.

O estado de Sonora, responsável por 54% da produção nacional de trigo de inverno, registrou a menor disponibilidade de água para irrigação em 20 anos entre outubro de 2024 e abril de 2025. A situação forçou os produtores locais a reduzir drasticamente a área plantada. “A área destinada ao cultivo caiu 76%, passando de 248 mil hectares no ano passado para 59 mil hectares em 2025”, aponta o relatório, com base em dados do Serviço de Informação Agroalimentar e Pesqueira (SIAP) do México.

A estiagem prolongada levou autoridades federais e estaduais a recomendarem o cultivo de culturas menos dependentes de irrigação, como cevada e cártamo. Apesar disso, cerca de 200 mil hectares permaneceram sem uso agrícola. No fim de dezembro, 90% do território de Sonora se encontrava sob condições de seca severa a excepcional, segundo o Monitor de Secas do México. Já em fevereiro, os reservatórios operavam com apenas 15% da capacidade, conforme a Comissão Nacional de Águas (CONAGUA).

Além de Sonora, os estados de Baixa Califórnia e Sinaloa concentram 17% da produção. Imagens de satélite indicam que, nos últimos três meses, até 75% das áreas de trigo nesses estados apresentaram vegetação abaixo da média. As análises foram feitas por meio do Índice de Vegetação Sazonal Médio (PASG), que utiliza dados do sensor MODIS para medir o verde acumulado das lavouras em comparação à média histórica.

Em contraste, o estado de Guanajuato registrou ampliação na área colhida, que dobrou em relação ao ciclo anterior. Segundo o USDA, a disponibilidade de água para irrigação na região foi suficiente para manter os campos produtivos. O relatório indica que, diante das limitações em outras regiões, o trigo de inverno deve representar apenas 92% da produção total do cereal no país em 2025. A fração restante corresponde ao trigo de sequeiro, plantado entre abril e julho e colhido no segundo semestre.