Trigo segue pressionado por importações
A comercialização da safra velha segue travada

Apesar das geadas intensas registradas recentemente, o trigo do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina não sofreu prejuízos significativos devido ao estágio inicial de desenvolvimento das lavouras. Segundo a TF Agroeconômica, no RS, o trigo ainda está na fase de gramínea, o que o torna mais resistente a baixas temperaturas. No entanto, a continuidade das chuvas tem atrasado o plantio e dificultado a retomada das atividades em campo.
A comercialização da safra velha segue travada, com interesse apenas para embarques em agosto e preços entre R\$ 1.330 e R\$ 1.430, sem referência clara para julho. O cenário de preços baixos em plena entressafra surpreende o mercado e pressiona as margens dos moinhos, que enfrentam dificuldades para fechar novos contratos. Já a safra nova não tem movimentação significativa, com forte redução nas vendas de sementes e estimativa de queda de 6,3% na produção gaúcha, conforme a Conab.
Em Santa Catarina, as geadas também não causaram danos, já que os plantios são mais tardios ou ainda recentes. Os preços seguem estáveis na pedra, com destaque para R\$ 78,00 em Canoinhas e Rio do Sul, e R\$ 79,00 em Xanxerê. No Paraná, ao contrário, a geada foi considerada a mais forte dos últimos 15 anos, atingindo áreas com trigo em frutificação e formação de grãos. Técnicos alertam para possíveis prejuízos, mas os danos ainda serão avaliados nos próximos dias.
O mercado paranaense também sente os efeitos da grande oferta de trigo importado, principalmente argentino e paraguaio, com valores CIF entre R\$ 1.400 e R\$ 1.500. Essa concorrência tem forçado recuos nos preços pagos ao produtor, que caíram 0,70% na média estadual, atingindo R\$ 78,70 por saca, segundo dados anteriores do Deral. Mesmo assim, o lucro médio do produtor ainda gira em torno de 7%, acima do custo de produção estimado em R\$ 73,53/saca.