Ciência e IA para impulsionar a produtividade
Novas tecnologias podem acelerar os resultados em laboratório

Por Flávia Macedo
Como a inteligência artificial pode ser aliada na pesquisa e diminuir o tempo para lançamentos de soluções que rompam a barreira da produtividade no campo?
Essa discussão aconteceu em Itu (SP) durante o Top Ciência realizado pela BASF. O evento contou com mais de 150 pesquisadores e especialistas que atuam no setor agrícola e puderam ouvir o que a área de tecnologia, mais precisamente os apps de inteligência artificial, têm a oferecer e contribuir no âmbito de pesquisas científicas, testes em laboratórios e experimentos a campo.
“Na verdade não é um evento e sim um movimento que começa a reunir, de forma muito sistemática e organizada, toda a comunidade científica do Brasil, com pesquisadores e consultores. Esses profissionais, de forma incansável, fazem protocolos dos produtos e testam, para que a gente, em conjunto, possa levar aos produtores as melhores soluções para todos os sistemas produtivos", destaca Graciela Mognol, diretora de Marketing da BASF Soluções para Agricultura.
No palco, diversas palestras sobre IA no campo e, uma delas, foi conduzida por Dante Freitas e Renan Hannouche, cofundadores do Movimento Gravidade Zero. Eles apresentaram aplicativos que podem ajudar a ciência a caminhar mais rápido.
O aplicativo “Elicit", por exemplo, é abastecido, exclusivamente, com dados científicos e validados e pode ajudar a acelerar os resultados de pesquisas em laboratório.
“Eu acho que a melhor forma da ciência e da pesquisa avançarem é usando ela [IA] como uma ‘cointeligência’, uma parceira e copilota. Eu não gosto de pensar que ela vai fazer o trabalho por mim, pois se eu só delegar para que ela escreva o artigo, eu não tenho a formação de opinião, a minha assinatura, a minha originalidade e a minha alma dentro daquela pesquisa", ressalta Hannouche.
Portanto, a sugestão é que a IA entre como apoio para aumentar a capacidade do trabalho. Ele até sugere um novo termo para a sigla I.A., ao invés de inteligência artificial, mudar para “inteligência aumentada".
“Se eu peço para ela encontrar os contrapontos ou os pontos cegos, ou ainda que ela aumente a minha pesquisa, indo para outros países que não estavam dentro do meu radar, ou me dê outros artigos que eu não conseguia pesquisar, desta maneira, eu otimizo o meu tempo de uma forma muito mais inteligente", acrescenta.
A abordagem chamada de "Humanware", levada pelos pernambucanos, é uma alusão ao “software” e tenta mostrar os aspectos onde as emoções humanas serão o grande ativo para se destacar trabalhando com a inteligência artificial.
“Da mesma forma que a gente investe, por exemplo, em inovação para construir um novo produto, onde são 20 anos de pesquisa, muitas vezes até 30 anos e com milhões investidos, talvez, a gente precise também fazer esse movimento para dentro. Quando você busca as melhores reações químicas entre seres humanos, é possível alavancar a potência e resolver desafios complexos", destaca Dante Freitas.
Projetos inovadores serão reconhecidos e premiados em 2026
As palestras serviram de insights e um convite aos pesquisadores presentes. A ideia é que já a partir do dia seguinte ao evento, esses profissionais comecem a trabalhar em projetos que serão validados junto a empresa e reconhecidos em uma premiação prevista para acontecer em 2026.
Os cases serão divididos em duas categorias: 1) sistemas produtivos e 2) soluções BASF. O primeiro são respostas criadas a partir de uma determinada problemática na propriedade, envolvendo uma ou mais culturas. Já a segunda categoria busca comprovar através do portfólio da empresa mudanças significativas na produtividade e sustentabilidade.
“Os projetos vão passar por uma banca avaliadora que vai ser composta por pessoas da BASF e também da cadeia científica. Então, no ano que vem, na próxima edição, nós vamos premiar e reconhecer os melhores trabalhos que vão trazer maior resultado. Serão reconhecidos dez projetos, cinco de cada catgoria", explica Rafael Milléo - gerente-técnico de Relacionamento da BASF Soluções para Agricultura.
Poderão participar cases já avançados e testados ou aqueles que ainda serão comprovados na próxima safra.
“Se um projeto não tiver sido implementado, não tiver dados, nós temos essa safra inteira para implementar e acompanhar. Já os dados que estiverem comprovados, fica mais fácil essa análise. No entanto, até a safra que vem, todos os projetos serão tabulados e computados e vamos saber quais as inovações ou sugestões vão trazer maior rentabilidade ao produtor.
O Top Ciência está retomando em 2025, pois já teve outras edições, de 2005 a 2016, e já soma mais de 3 mil trabalhos realizados e 213 premiações. A projeção é que o evento se torne fixo/anual no calendário da empresa.
“O que nós estamos fazendo nesse movimento é resgatar a oportunidade de ter as inovações conectadas a essa rede de conhecimento para que seja implementada junto aos nossos produtores e assim possamos garantir que as tecnologias obtenham o máximo de rendimento nas propriedades", finaliza Antonio Azenha, gerente-sênior de Marketing da BASF Soluções para Agricultura.