Safra recorde pressiona preços do milho no Brasil

Os preços do milho seguem trajetória de queda no mercado interno, segundo levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A pressão baixista é sustentada pelo avanço da colheita da segunda safra, que deve registrar produção recorde, somada à desaceleração das exportações e à postura mais cautelosa dos compradores domésticos.

De acordo com os pesquisadores, mesmo com registros pontuais de geadas e ataques de pragas em áreas produtoras, as expectativas permanecem otimistas para o volume final colhido. O aumento da área cultivada e o ganho de produtividade têm compensado eventuais perdas regionais, reforçando o cenário de ampla oferta no curto prazo.

No mercado externo, o ritmo lento das vendas brasileiras para outros países reduz a pressão sobre os estoques internos. O Cepea destaca que a demanda internacional por milho brasileiro enfrenta concorrência acirrada de outros exportadores, o que limita o escoamento e contribui para manter as cotações internas em patamares mais baixos.

No consumo doméstico, indústrias e pecuaristas optam por postergar novas compras, aguardando possíveis desvalorizações adicionais à medida que a colheita se intensifica. Muitos consumidores priorizam a retirada de lotes adquiridos em negociações antecipadas, prática que reduz a liquidez no mercado spot e amplia a pressão sobre os preços.

A combinação de oferta robusta, consumo interno moderado e ritmo enfraquecido das exportações cria um cenário de atenção para os produtores. Para o Cepea, o comportamento do mercado nas próximas semanas dependerá do volume efetivamente colhido, da evolução da demanda externa e da disposição dos compradores internos em recompor estoques.

Especialistas alertam que, caso o quadro de ampla disponibilidade se mantenha e a demanda não reaja, novas quedas nas cotações podem ocorrer, exigindo do produtor estratégias de comercialização mais cautelosas e planejamento para mitigar impactos na rentabilidade da atividade.