Desafios atrapalham Plano Safra
O primeiro ponto de preocupação é o aumento da taxa Selic

O novo Plano Safra, previsto para ser lançado na próxima semana, surge em meio a um cenário desafiador para o agronegócio. De acordo com Victor Lima, Assistente de Negócios na Sicredi Empresarial, três pontos exigem atenção especial: juros elevados, baixa execução do plano anterior e o enfraquecimento do seguro rural.
O primeiro ponto de preocupação é o aumento da taxa Selic para 15%, o maior nível desde 2006. Essa elevação impacta diretamente os custos de crédito rural, tanto para custeio quanto para investimentos, tornando o acesso ao financiamento mais oneroso. No segundo ponto, Lima alerta para o descasamento entre promessa e execução no ciclo anterior: apenas cerca de 70% do montante anunciado foi realmente implementado, mesmo com a Selic em patamar mais baixo (10,5%).
O terceiro ponto, considerado o mais crítico, é o enfraquecimento das políticas de proteção ao produtor. O corte de R\$ 455 milhões no orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) reduz drasticamente a cobertura, de 14 milhões de hectares em 2021 para menos de 5 milhões em 2025. Além disso, o Proagro terá seus limites reduzidos e novas exigências a partir de julho.
Com menos apoio em seguros e mais barreiras no crédito, o risco no campo aumenta. Como destaca Lima, o governo ainda não trata o seguro rural como investimento estratégico. A falta de previsibilidade pode levar a novos pedidos de renegociação de dívidas e medidas emergenciais — especialmente diante de eventos climáticos cada vez mais intensos.
“Isso encarece o seguro, e faz com que as instituições financeiras façam uma análise mais criteriosa para a liberação do crédito ao produtor rural. Fica o alerta e a reflexão. O campo precisa de previsibilidade, segurança e apoio concreto — e isso começa por políticas públicas bem executadas”, conclui.