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Brasil lidera exportação de algodão, mas fecha fábricas 

Sem uma política industrial robusta e equilibrada, o país corre o risco



Sem uma política industrial robusta e equilibrada, o país corre o risco Sem uma política industrial robusta e equilibrada, o país corre o risco - Foto: Canva

Apesar de o Brasil ocupar a liderança mundial na exportação de algodão, o país assiste ao fechamento de fábricas têxteis e à decadência de um setor que já foi símbolo de desenvolvimento industrial. Segundo Carlos Alberto Tavares Ferreira, diretor-presidente da Carbon Zero, o contraste entre o potencial produtivo e a realidade do setor revela um desequilíbrio estrutural nas políticas econômicas, com destaque para a carga tributária desproporcional.

Dados da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) indicam que o Brasil está entre as cinco maiores potências têxteis do mundo, produzindo mais de 8 bilhões de peças por ano e 2 milhões de toneladas de têxteis, com 1,3 milhão de empregos diretos. O país ainda detém a maior cadeia produtiva integrada do Ocidente, que vai do algodão à roupa pronta. No entanto, esse poder de produção não tem sido suficiente para frear o fechamento de tecelagens, que enfrentam um ambiente fiscal hostil.

Enquanto países como os Estados Unidos aplicam entre 5% e 7% de imposto sobre roupas — podendo até zerar em promoções —, o Brasil chega a cobrar até 35%, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria). Esse cenário estimula a exportação de algodão bruto e a importação de produtos com alto valor agregado, penalizando a indústria nacional e beneficiando concorrentes externos.

Sem uma política industrial robusta e equilibrada, o país corre o risco de continuar desestruturando sua cadeia produtiva. O Brasil tem terra, tecnologia e capital humano para se tornar o “tecelão do mundo”, mas, nas palavras de Ferreira, segue “tecendo o próprio fracasso” ao privilegiar a retórica da globalização em detrimento da produção local, da inovação e da geração de empregos.
 

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