China amplia compras e Brasil bate recorde histórico de exportação de soja
Movimento reforça a dependência brasileira desse mercado

O mercado brasileiro de soja iniciou agosto com um ritmo mais intenso de negociações, impulsionado tanto pela demanda internacional, especialmente da China, quanto pelo aumento na procura de indústrias esmagadoras nacionais. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o volume de transações cresceu na esteira do forte interesse externo e da necessidade interna de recomposição de estoques.
Em julho, as exportações brasileiras alcançaram um recorde histórico para o mês, somando 12,25 milhões de toneladas embarcadas, conforme levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) analisado pelo Cepea. No acumulado de janeiro a julho de 2025, o Brasil já exportou 77,2 milhões de toneladas da oleaginosa, marca inédita para o período e que consolida o país como principal fornecedor global.
O apetite chinês segue como força motriz nas negociações. Além de assegurar abastecimento, o país asiático aproveita a competitividade do produto brasileiro no cenário internacional, mesmo diante das oscilações cambiais. O movimento reforça a dependência brasileira desse mercado, que absorve grande parte da produção nacional destinada ao exterior.
No mercado interno, a maior demanda das esmagadoras mantém aquecido o setor de derivados, como farelo e óleo de soja. Contudo, analistas do Cepea ressaltam que a expressiva valorização do real frente ao dólar nas últimas semanas limitou a escalada dos preços domésticos, reduzindo a competitividade das cotações frente às máximas registradas em anos anteriores.
O cenário cambial atua como um freio para a valorização interna, já que, com o dólar mais fraco, o ganho em reais por tonelada exportada diminui. Essa relação tem levado parte dos produtores a avaliar com mais cautela a comercialização, aguardando possíveis mudanças no câmbio ou novas janelas de oportunidade para vendas mais rentáveis.
A perspectiva para as próximas semanas indica que a movimentação seguirá elevada, especialmente se a demanda chinesa permanecer robusta e as indústrias mantiverem ritmo firme de compras. Ainda assim, especialistas alertam que o câmbio continuará sendo um fator determinante para o fôlego dos preços no mercado interno, exigindo atenção redobrada de produtores e traders nas estratégias de negociação.