Com estoque alto e exportações em queda, arroz enfrenta risco de nova desvalorização
Mercado brasileiro de arroz enfrenta dificuldades para reagir nos preços

Os preços do arroz seguem pressionados pela maior oferta da safra 2024/25. Em abril, o cereal manteve média de R$ 76 por saca de 50 kg, valor que caiu levemente para R$ 75 em maio. O mercado interno operou com lentidão, com vendas concentradas em reposições de estoque pelas indústrias. A baixa liquidez reflete a resistência dos produtores em comercializar diante de preços que não cobrem o custo operacional, estimado em R$ 76/sc no Rio Grande do Sul, segundo o IRGA.
De acordo com informações divulgadas pelo Itaú BBA, o mercado brasileiro de arroz enfrenta dificuldades para reagir nos preços, mesmo com uma safra quase concluída e resultados produtivos positivos. O escoamento tem sido prejudicado pelo recuo nas exportações, que caíram 28% em abril frente a março, e pela baixa competitividade frente a exportadores do Mercosul, como Paraguai e Uruguai. O banco destaca ainda que a janela de exportação brasileira pode se fechar a partir de agosto, com o avanço da oferta norte-americana, ampliando o risco de novas quedas nas cotações.
A produção nacional deve alcançar 12,1 milhões de toneladas, segundo estimativa da Conab, impulsionada por um aumento de 6,9% na área plantada e uma produtividade média de 7 t/ha — 7,4% superior à da safra passada. No entanto, os custos elevados e a dificuldade de posicionar o produto no mercado externo acendem um alerta para o setor. A margem de rentabilidade está estreita, exigindo maior eficiência na gestão e atenção à comercialização.
A nível internacional, o USDA projetou produção global recorde para 2025/26, com reflexos negativos nos preços futuros do arroz em Chicago. Entre abril e maio, os contratos caíram de US$ 292/t para US$ 277/t. O cenário global mais ofertado também colabora para limitar qualquer reação nos preços domésticos, que seguem pressionados.