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Sobretaxa dos EUA pode gerar inadimplência

“Embora a situação seja complexa, é possível mitigar os danos"



“Embora a situação seja complexa, é possível mitigar os danos" “Embora a situação seja complexa, é possível mitigar os danos" - Foto: Pixabay

A tarifa extra de 50% sobre grande parte das importações brasileiras para os Estados Unidos, em vigor desde 6 de agosto, pode gerar um efeito sistêmico de inadimplência no país. A medida, que afeta setores como agroindústria, metalurgia, máquinas industriais e alimentos processados, pressiona exportadores a reduzir preços ou deixar o mercado norte-americano, comprimindo o capital de giro e impactando toda a cadeia produtiva.

“Esse aumento tarifário gera um choque direto no capital de giro das exportadoras nacionais. Ao precisarem reduzir preços para manter contratos ou recuar do mercado americano, essas empresas iniciam um efeito-dominó, no qual fornecedores de insumos, transportadoras e prestadores de serviços podem começar a enfrentar atrasos nos pagamentos, colocando toda a cadeia sob risco”, alerta Silvano Boing, CEO da Global.

O cenário se agrava diante do aumento da inadimplência corporativa no Brasil, que atingiu 4,2% no primeiro semestre de 2025, o maior nível desde 2021, segundo o Banco Central. Levantamento do Índice Global de Recuperação (IGR) indica que segmentos como Alimentos e Bebidas, Bens de Consumo Não Duráveis, setor Financeiro e Construção já enfrentam dificuldades antes mesmo da nova sobretaxa. Estimativas da Fundação Dom Cabral apontam que 10,8 mil empresas de médio porte estão entre as mais expostas, com menor capacidade de absorver choques financeiros.

De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), as perdas iniciais podem chegar a R$ 52 bilhões em exportações e à eliminação de até 110 mil empregos nos próximos meses. Para mitigar riscos, especialistas recomendam ações preventivas como gestão ativa de crédito, inteligência de dados e processos rápidos de cobrança, preservando o fluxo de caixa.

“Embora a situação seja complexa, é possível mitigar os danos com ações rápidas e coordenadas. Esse é um momento crítico para que empresas reforcem sua gestão financeira, adotem políticas mais cautelosas de crédito e, principalmente, façam da cobrança preventiva uma ferramenta estratégica”, conclui Boing.
 

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