Interesse externo e indústria freiam queda no preço do arroz
Vendedores continuam cautelosos nas negociações no mercado spot

Apesar da continuidade na trajetória de queda dos preços do arroz no Rio Grande do Sul, a movimentação mais intensa por parte de indústrias e o aumento do interesse internacional pelo grão brasileiro ajudaram a conter uma retração ainda maior. A atuação desses compradores, motivados pela necessidade de recompor estoques e atender à demanda externa, serviu como um freio para a desvalorização do produto no mercado gaúcho.
Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a presença mais ativa de agentes industriais no mercado, mesmo em um momento de recuo nos valores, tem elevado a disposição desses compradores em pagar preços mais firmes. Além disso, cresce a expectativa de novos embarques de arroz, impulsionados pelo interesse de importadores internacionais, o que deve colaborar com o escoamento da produção nacional.
Por outro lado, os vendedores continuam cautelosos nas negociações no mercado spot. A menor liquidez observada está diretamente ligada aos impactos das fortes chuvas que atingiram o estado, especialmente na região central. As enchentes e os bloqueios de rodovias dificultaram o transporte e a comercialização do arroz, contribuindo para a lentidão nas transações.
Mesmo com esse cenário, o Indicador CEPEA/IRGA-RS registrou queda expressiva. A média de preços em junho está 40,9% abaixo do patamar observado no mesmo mês do ano passado, em valores nominais. Na parcial acumulada de 2025, o recuo é de 33,8%, refletindo a pressão do aumento da oferta em momentos anteriores e o comportamento retraído dos produtores.
Os impactos climáticos também devem influenciar a próxima safra, com produtores atentos aos custos de produção e às condições do solo após as enchentes. A retomada da normalidade logística e da colheita plena ainda é incerta em algumas regiões, o que pode afetar o planejamento das próximas movimentações de mercado.