Pressão externa e safra recorde: preços do milho seguem em queda no Brasil
Desvalorização reflete postura mais cautelosa de compradores no mercado interno

Os preços do milho mantiveram trajetória de queda na última semana, segundo levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A desvalorização reflete não apenas a pressão do cenário internacional, mas também a postura mais cautelosa de compradores no mercado interno.
De acordo com pesquisadores, a produção global recorde é um dos principais fatores que têm limitado as cotações. Estados Unidos e Brasil aparecem como protagonistas neste movimento, com colheitas robustas que elevam a oferta mundial e reforçam a expectativa de preços mais baixos ao longo do semestre.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estima que a safra norte-americana de milho 2025/26 alcance 425,25 milhões de toneladas, volume histórico. Para o Brasil, a projeção é de 131 milhões de toneladas. No total, a produção mundial deverá chegar a 1,28 bilhão de toneladas, superando o patamar de 1,22 bilhão registrado na temporada 2024/25.
No mercado doméstico, compradores atuam de forma retraída, aguardando novas desvalorizações. Segundo o Cepea, além do avanço da colheita, pesa sobre o setor a dificuldade de armazenamento diante da safra volumosa e a pressão financeira para quitação de dívidas agrícolas nos meses de agosto e setembro. Esse cenário tem levado produtores a intensificarem as vendas, mesmo diante de preços mais baixos.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reforça esse panorama. Em seu último relatório, divulgado no dia 14, a estatal projetou a produção brasileira em 137 milhões de toneladas para 2024/25, número 18% superior ao registrado em 2023/24 e também recorde histórico. Essa estimativa adiciona ainda mais pressão sobre as cotações no mercado interno.
Para especialistas, a combinação entre safra farta, limitações logísticas e cenário internacional pressionado cria um ambiente desafiador para o produtor brasileiro. Ao mesmo tempo, a indústria de rações e os exportadores tendem a ser favorecidos por custos mais baixos de aquisição da matéria-prima, o que pode gerar competitividade adicional para o milho brasileiro no mercado externo.