
O pedido de Recuperação Extrajudicial feito pela Lavoro Agro representa, na análise de Julia Guerra, Especialista em Gestão de Riscos, Planejamento e Execução de Projetos, um movimento estratégico para proteger fornecedores, garantir o abastecimento do produtor e reorganizar a saúde financeira da empresa sem interromper suas operações.
“Hoje, o mercado ainda digere o impacto. Amanhã, outros players vão repensar sua estrutura — ou serão tragados. A decisão da Lavoro Agro, foi estratégica: proteger fornecedores, manter o produtor abastecido e reorganizar sua saúde financeira sem paralisar a operação”, comenta.
O agro brasileiro, segundo ela, ainda operando com modelos de crédito e gestão herdados de cinco ou mais anos atrás, enfrenta hoje uma pressão inédita: custos de capital de giro elevados pela taxa real ainda alta, margens cada vez mais apertadas entre multinacionais, distribuidores e revendas, produtores mais tecnificados e, consequentemente, mais alavancados e expostos — além de um risco sistêmico na cadeia que continua subestimado.
Na avaliação de Julia, a atitude da Lavoro não é sinal de fraqueza, mas de inteligência adaptativa. Ao reconhecer que o jogo mudou, a empresa se antecipa a um cenário em que só sobreviverá quem entender as novas regras. Diante disso, instituições financeiras, seguradoras, resseguradoras, fundos, tradings e cooperativas precisam refletir se estão apenas financiando ou realmente gerenciando os riscos de uma cadeia que sustenta boa parte da economia brasileira.
O agro que expande a 3% ao ano não pode mais operar com premissas de gestão e precificação do século passado. Para Julia Guerra, quem assimilar essa realidade mais rápido liderará a próxima década do agronegócio nacional.