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Gripe Aviária: Por que o Brasil é diferente?

Parte da imprensa tem feito comparações diretas entre Brasil



Parte da imprensa tem feito comparações diretas entre Brasil Parte da imprensa tem feito comparações diretas entre Brasil - Foto: Divulgação

De acordo com José Carlos de Lima Júnior, cofundador e professor da Harven Agribusiness School e sócio-diretor da Markestrat, é necessário compreender as diferenças estruturais na avicultura brasileira e americana para avaliar corretamente os impactos da gripe aviária. O recente caso registrado em Montenegro (RS), embora isolado, já resultou no fechamento temporário de 49 mercados importadores. Essa medida é considerada normal, visto que os países têm responsabilidades sanitárias com suas populações.

Apesar disso, parte da imprensa tem feito comparações diretas entre Brasil, segundo maior produtor e maior exportador mundial, e Estados Unidos, maior produtor e segundo maior exportador. Entretanto, essas análises ignoram fatores estruturais essenciais que diferenciam os dois sistemas produtivos.

Nos EUA, as granjas possuem alta densidade de aves e estão localizadas muito próximas umas das outras, o que favorece a propagação do vírus e dificulta o controle sanitário. No Brasil, ocorre o oposto: as granjas são mais espaçadas e têm menor densidade populacional, o que naturalmente limita o avanço de surtos. Soma-se a isso o fato de que os EUA enfrentam, anualmente, o intenso fluxo de aves migratórias, vetor relevante na disseminação da doença, situação que não ocorre no Brasil.

Diante desse contexto, José Carlos reforça que, embora o caso de Montenegro mereça toda a atenção, é crucial que a imprensa e os analistas reconheçam essa vantagem estrutural do Brasil. Ignorar esses fatores e realizar comparações equivocadas não apenas distorce a realidade, mas também prejudica a imagem do setor avícola brasileiro no mercado internacional.

“Apesar do caso de Montenegro merecer sim toda atenção, é fundamental que a imprensa destaque a vantagem estrutural comparativa entre os dois países quanto a capacidade de controle sanitário existente. O motivo, apesar de óbvio, parece estar distante da maioria dos analistas: fazer comparações baseadas em dados incorretos prejudica a imagem institucional de qualquer setor produtivo”, conclui.
 

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