Brasil amplia cultivo de uva, maçã e pera
Clima favorece cultivo de frutas temperadas no país

O cultivo de frutas de clima temperado no Brasil tem se expandido para além das regiões tradicionalmente conhecidas pela produção dessas culturas. De acordo com o Boletim de Conjuntura Agropecuária, divulgado nesta quarta-feira (18) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), estados como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de áreas serranas de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e até da Bahia, têm se beneficiado das características climáticas mais amenas, influenciadas pela latitude e pela altitude.
Segundo o Deral, mesmo sendo um país predominantemente tropical, o Brasil apresenta temperaturas negativas durante os outonos, invernos e primaveras nessas regiões, com registros ocasionais até no verão. Essas condições climáticas permitem o cultivo de espécies como uva, pera, mirtilo, maçã, pêssego, ameixa, nectarina e morango.
O boletim destaca que o cultivo de uvas no semiárido nordestino, em áreas como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), tem atendido ao mercado de exportação há algumas décadas. Além disso, a produção de peras e mirtilos tem avançado nesses perímetros irrigados.
A pesquisa agropecuária tem contribuído para reduzir o tempo de espera entre o plantio e a primeira colheita de algumas espécies. “O mito de pereiras produzirem depois de sete anos após a implantação dos pomares ruíram. A pesquisa agropecuária propõe cultivares que frutificam comercialmente aos três anos”, informou o Deral.
No caso dos morangos, que nos anos 1980 e 1990 eram consumidos apenas durante três meses do ano, a produção nacional já permite oferta contínua ao longo de todo o ano. Para a cultura da maçã, o boletim ressalta o desenvolvimento da cultivar Eva, obtida no Paraná, que hoje é cultivada em regiões mais quentes.
As frutas de caroço, como pêssegos, ameixas e nectarinas, segundo o Deral, têm enfrentado desafios impostos pelas mudanças climáticas. “Quando não afetadas por geadas tardias, os bolsões de calor derrubam as safras”, apontam os analistas.
O boletim também informa que as importações brasileiras de frutas temperadas ultrapassaram US$ 1 bilhão em 2024, demonstrando a consolidação do mercado consumidor interno.
Para discutir o cenário atual da fruticultura de clima temperado e apresentar as soluções desenvolvidas pela pesquisa agropecuária, será realizado no próximo dia 25 de junho o XI Seminário Estadual de Fruticultura de Clima Temperado. O evento ocorrerá na Estação de Pesquisa da Lapa, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), com participação de produtores, técnicos e representantes do setor.