Silos secadores são solução ao déficit de armazenagem em SC
Santa Catarina registrou produção recorde de grãos

Santa Catarina registrou produção recorde de grãos na safra 2024/25. Conforme o levantamento realizado pelo Observatório do Agro Catarinense, o crescimento no volume total foi de 20,7% em comparação com ciclo 2023/24. O panorama positivo, conquistado através de múltiplos fatores como tecnologia, manejo e clima favorável, esbarra no déficit de armazenagem enfrentado pelo Estado. O Boletim Agropecuário de junho expõe o descompasso entre a produção agrícola e sua capacidade de armazenamento. Entre 2020 e 2025, a produção total de grãos aumentou 19% em Santa Catarina, enquanto os espaços destinados para sua armazenagem foram ampliados em apenas 5,1%.
Diante deste cenário, os silos secadores são uma boa alternativa para os agricultores familiares catarinenses. O extensionista rural da Epagri em Xaxim, Jeferson Soccol, avalia que “diante do déficit de armazenamento, os silos secadores com ar natural são uma opção atrativa para os produtores. É uma tecnologia mais acessível, com custo menor, que permite que eles possam armazenar seus próprios grãos ou adquiri-los de vizinhos. Com isso, eles podem utilizá-los na alimentação dos animais ou mantê-los na propriedade para comercialização na entressafra, quando os preços costumam ser melhores”.
A extensionista do município de Galvão, Elaine Regina Baggio, explica que os silos são utilizados para a secagem e armazenagem dos grãos, principalmente em pequenas propriedades. Eles possuem diferentes capacidades de armazenamento, que variam de 300 a até 2.500 sacos. Elaine aponta que além da redução dos custos com secagem, armazenagem, transporte e frete, os grãos colhidos na propriedade possuem qualidade superior aos recebidos dos silos comerciais, o que é um fator bastante positivo, principalmente para os produtores que se dedicam à pecuária, porque geram mais rendimento e qualidade na alimentação dos animais.
Este é o caso de Anderson Giacomin, de Galvão. Em sua propriedade, ele e a família cultivam soja, milho, trigo e feijão, adotam diversas práticas de agricultura regenerativa, como o uso de plantas de cobertura, e ainda mantêm um pequeno rebanho de gado de corte. O agricultor relembra que a decisão de investir em um silo secador foi gradual. Eles buscavam melhorar a qualidade do grão cultivado, mas não estavam seguros de que esta fosse uma opção viável para a propriedade. Em uma feira, ele e a família viram uma miniatura do silo secador no estande da Epagri, conversaram com extensionistas, visitaram algumas propriedades que já haviam optado por este tipo de armazenagem e passaram a considerar o investimento. “Fiz o curso ‘Negócio Certo Rural’, no Sebrae e a partir de uma análise criteriosa de custo e benefícios, percebi que o silo se pagaria, então optamos pela construção em 2024”, diz.
O agricultor relata que a Epagri prestou toda a consultoria para construção do sistema, da formulação do projeto até a execução. “A Epagri também nos indicou produtores que já haviam construído silos e isso foi determinante, porque conversar com outros produtores trouxe mais segurança para fazer esse investimento”, recorda Anderson. Elaine Baggio acredita que diante das dificuldades de armazenagem, quanto maior a divulgação dos silos secadores, maior será a procura por este sistema. Segundo ela, sempre que surge a necessidade ou o interesse dos agricultores, são realizadas capacitações coletivas ou viagens técnicas para tirar dúvidas e difundir conhecimento.
Anderson construiu dois silos com capacidade para 2.500 sacos e já observa algumas mudanças. Segundo ele, este processo não altera as características do grão, como pode ocorrer, por exemplo, na secagem com ar aquecido. Com isso, a qualidade do grão é superior. Além de reduzir os custos, ele também consegue vender sua colheita em momentos mais favoráveis e agora destina parte do plantio de milho para a produção de farinhas, aumentando sua renda. Essas transformações geraram otimismo, que agora é repassado a outros agricultores em eventos técnicos realizados em sua propriedade. No mês de julho a família Giacomin recebeu 25 produtores rurais interessados em saber um pouco mais sobre o sistema de silos secadores.
Os participantes da tarde de campo receberam instruções dos extensionistas da Epagri Cezar Roberto Bevilaqua, de Passos Maia, e Paulo César Menoncini, do escritório de São Carlos. O objetivo de atividades como esta é “difundir informação sobre uma tecnologia interessante que pode ser utilizada na propriedade e que vai gerar mais rendimento e qualidade nos grãos”, afirma Jeferson Soccol. No mesmo sentido, Anderson defende que é preciso difundir a ideia para outros produtores. “Com o silo secador na propriedade é possível diminuir os gastos com o frete e a armazenagem. Além disso, o agricultor pode ter acesso ao grão que ele mesmo cultivou, que costuma apresentar mais qualidade e se torna uma excelente ração, porque o processo de secagem é feito apenas com ar natural, o que mantém suas principais características”, afirma o produtor.
Os agricultores interessados em obter mais informações sobre o funcionamento do silo e o enquadramento do sistema em suas propriedades podem procurar os escritórios municipais da Epagri. “O técnico fará o projeto e o cálculo da capacidade de armazenamento de acordo com a espécie de grão e a necessidade de cada produtor. Por isso, o custo médio depende do dimensionamento da construção. Uma das principais características do silo secador é a facilidade da construção e o produtor pode armazenar milho, feijão, trigo, soja, arroz em casca, entre outros grãos”, explica a extensionista Elaine.
Por se tratar de uma área estratégica para o desenvolvimento da produção agrícola catarinense, a armazenagem de grãos é uma das áreas contempladas pelo programa Pronampe Agro SC, da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina. Através dele, os agricultores familiares podem obter auxílio financeiro para pagamento dos juros de financiamento contratados no Plano Safra, para investimento em suas propriedades. O pedido de adesão ao programa Pronampe Agro SC deve ser feito nos escritórios municipais da Epagri.