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Crescimento agressivo derruba gigante de insumos

Esse cenário reflete um padrão já visto em outros setores



Esse cenário reflete um padrão já visto em outros setores Esse cenário reflete um padrão já visto em outros setores - Foto: Pixabay

Acontecimentos como a recuperação judicial da Agrogalaxy expõem um alerta valioso para o setor de distribuição de insumos agrícolas no Brasil, segundo Renato Seraphim, especialista em agronegócio e professor. A aposta em crescimento agressivo via aquisições, sem integração eficiente e com endividamento elevado, acabou minando a sustentabilidade financeira da empresa, que acumulou dívida bruta ajustada de R\$ 2,2 bilhões em setembro de 2024 e passivo total de R\$ 4,67 bilhões, impactando fornecedores de peso como Mosaic e Rainbow.

Esse cenário reflete um padrão já visto em outros setores, como o varejo de supermercados, onde gigantes globais enfrentaram dificuldades ao ignorar a diversidade regional, abrindo espaço para redes locais sólidas. Hoje, no agro, redes regionais como Ouro Safra, Protec e Uniagro ganham força, enquanto grandes consolidadores enfrentam desafios de integração e governança. 

“O caso da Agrogalaxy é particularmente relevante para mim, pois participei do início da construção desse gigante. Com base nessa experiência, posso afirmar que sua trajetória se tornou um exemplo claro e factível de como ambições de crescimento podem levar a rupturas e à perda de confiança no sistema”, comenta.

Além dos erros estratégicos, fatores macro como juros altos, crédito rural concentrado em grandes produtores, volatilidade das commodities e riscos climáticos agravam a vulnerabilidade financeira das distribuidoras. O descompasso entre capital de giro e ciclo agrícola, estoques mal geridos e logística precária completam a receita de fragilidade.

“Crescer agressivamente por M&A, sem uma boa integração, leva a ineficiências operacionais e anula os benefícios da escala. A busca por tamanho pode fazer a empresa perder agilidade e eficiência”, completa.

Para evitar novas rupturas, o setor precisa rever suas práticas: adotar políticas de crescimento mais cautelosas, melhorar a gestão operacional, diversificar fontes de financiamento e fortalecer o seguro agrícola. “Ao aprender com os desafios da consolidação, o setor de distribuição de insumos agrícolas no Brasil pode construir um futuro mais forte e sustentável”, conclui.
 

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