Preços do petróleo oscilam após conflito Israel-Irã
Mercado de energia reage com alta nos preços do petróleo e gás

O mercado internacional de energia registrou forte volatilidade nesta sexta-feira (13), após o ataque militar de Israel ao Irã. Os contratos futuros do petróleo Brent chegaram a disparar para US$ 78,50 por barril, mas recuaram ao longo da manhã e eram negociados em torno de US$ 74,50 ao meio-dia em Londres (8h da manhã em Brasília), conforme dados compilados pela Argus.
De acordo com o economista-chefe da consultoria, David Fyfe, a resposta inicial dos investidores foi motivada pelo temor de um eventual bloqueio no Estreito de Ormuz, rota estratégica que concentra aproximadamente 20% dos fluxos globais de petróleo.
“Um bloqueio por parte do Irã seria, no entanto, a última cartada de um regime sob ameaça existencial. Não acreditamos que Teerã já esteja nesse estágio, embora uma ameaça remota de bloqueio seja suficiente para elevar os preços de energia”, avaliou Fyfe.
Atualmente, cerca de 2,5 milhões de barris diários de petróleo bruto, condensado e produtos refinados exportados pelo próprio Irã cruzam o Estreito com destino à Ásia. Para a Argus, um bloqueio colocaria em risco a principal fonte de receita iraniana, o que torna essa possibilidade menos provável.
A consultoria projeta que os preços do Brent podem se manter em um intervalo entre US$ 75 e US$ 85 por barril nas próximas semanas, caso a tensão permaneça restrita a ameaças e represálias diplomáticas. No entanto, um ataque direto à infraestrutura petrolífera ou um bloqueio efetivo do Estreito poderiam levar o petróleo para a casa dos US$ 150.
“Na ausência de um bloqueio total do Estreito de Ormuz, outros produtores da Opep+ podem ser incentivados a aumentar a oferta para conter a tendência ascendente dos preços do petróleo”, ponderou o economista.
Além do petróleo, o gás natural também apresentou leve valorização no mercado europeu. O ICE TTF, principal índice de referência para o GNL no continente, subiu de €36 para €38,50/MWh. Apesar disso, a reação foi menos intensa, devido à baixa demanda típica do verão europeu e à entrada de nova capacidade exportadora dos Estados Unidos.
Dados da Vortexa indicam que cerca de 65 milhões de toneladas de gás natural liquefeito passam pelo Estreito de Ormuz — o equivalente a 15% do comércio global de GNL. Mesmo com essa relevância, o cenário base ainda é de estabilidade para os preços, salvo um agravamento extremo da crise.
“A demanda contida e a iminente entrada em operação de nova capacidade de GNL dos EUA provavelmente limitarão movimentos ascendentes nos preços do gás, a menos que ocorra um bloqueio total de Ormuz, o que, por ora, consideramos improvável”, concluiu Fyfe.