Tarifas e clima aumentam volatilidade no mercado do café
As exportações brasileiras de café totalizaram 3,1 milhões de sacas em agosto

Os preços futuros do café registraram alta nos últimos dias, apoiados, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), pelos dados das exportações brasileiras de agosto e pelas preocupações com a oferta de curto prazo. A entidade informou que, embora superiores aos de julho, os embarques totalizaram 3,1 milhões de sacas no mês passado, uma queda de 17,5% em um ano. No acumulado da safra 2025/26 (junho a agosto) houve retração de 24% em relação a 2024/25. As exportações de arábica caíram 19,4% frente ao ciclo anterior, somando 6,07 milhões de sacas, enquanto os embarques de robusta atingiram 1,55 milhão de sacas até agosto, queda de 41,7% em relação ao mesmo período da temporada passada.
No caso dos Estados Unidos, o Cecafé afirmou que a atual tarifa de 50% sobre o grão brasileiro intensificou o movimento. Segundo a entidade, as exportações para o país em agosto totalizaram apenas 301,09 mil sacas, uma queda de 46,4% em relação ao ano passado e abaixo da média histórica. As exportações de arábica para os EUA somaram 244,7 mil sacas no mês passado, retração de 49,5% frente a 2024, enquanto os embarques de conilon caíram 75,1% no mesmo período, com apenas 9,5 mil sacas.
O desempenho também está abaixo dos números médios de exportação para os Estados Unidos. Cumulativamente, os embarques do Brasil para o país somaram 1,1 milhão de sacas em 2025/26 (junho a agosto), queda de 26,3% ante 1,6 milhão de sacas em 2024/25. “Espera-se que a recente redução nas exportações brasileiras de café para os EUA resulte em um declínio de curto prazo nos estoques do país. Embora o aumento dos preços possa diminuir a demanda americana, os estoques mais baixos em meio à entressafra de outras origens produtoras de arábica aumentam o risco de escassez de oferta, o que está sustentando os preços. Além disso, os estoques certificados continuam a diminuir, reforçando ainda mais a oferta apertada de curto prazo”, afirmou Laleska Moda, analista de inteligência de mercado da Hedgepoint Global Markets.
Enquanto isso, Moda observou que o clima segue seco no Brasil, atrasando o florescimento da safra 2026/27 de arábica. “As previsões sugerem que as chuvas podem não retornar até o final de setembro, e as preocupações com um possível evento La Niña entre outubro e dezembro estão adicionando incerteza ao próximo ciclo de produção. Esses fatores estão contribuindo para a elevada volatilidade dos preços no curto prazo, com os fundos aumentando suas posições compradas. Isso também levou o contrato de arábica de dezembro a voltar para os 417 c/lb nesta segunda-feira, 15”, disse.
Apesar dos desafios atuais, Moda apontou que uma correção de preços no médio prazo ainda é possível, particularmente para os preços e diferenciais domésticos brasileiros. Segundo ela, as florações nas áreas de arábica permanecem mínimas, com pouco impacto da falta de chuva por enquanto. “Portanto, se os níveis de precipitação voltarem mais próximos da média a partir do final de setembro, ainda há a possibilidade de uma maior produção de arábica no próximo ciclo, enquanto as perspectivas de Conilon permanecem positivas para o ciclo 26/27”, explicou.