Preço do café despenca no Brasil mesmo com expectativa de alta na produção do robusta
Situação preocupa produtores

Os preços do café seguem em queda no mercado interno brasileiro, especialmente para a variedade robusta. A entrada de novos volumes da safra 2025/26 e o ritmo acelerado da colheita em algumas regiões produtoras estão pressionando as cotações. A situação preocupa produtores, que observam o movimento de desvalorização enquanto os custos de produção seguem elevados.
Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), as perdas são significativas. O Indicador CEPEA/ESALQ para o café arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, apresenta recuo acumulado de 7,3% na parcial de maio. Já para o robusta tipo 6, peneira 13 acima, com retirada no Espírito Santo, a queda é ainda mais intensa, chegando a 13% no mesmo período.
A colheita do café arábica começa a ganhar tração em algumas regiões, mas o avanço é mais expressivo nas lavouras de robusta, especialmente no Espírito Santo, onde aproximadamente 20% da produção já foi colhida. A entrada dessa produção no mercado tem ampliado a oferta e pressionado ainda mais os preços pagos ao produtor.
No cenário internacional, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou as estimativas da safra brasileira 2025/26. Para o arábica, a produção deve somar 40,9 milhões de sacas de 60 kg, volume 6,4% inferior ao registrado na temporada anterior, quando o Brasil colheu 43,7 milhões de sacas. A retração é atribuída ao clima adverso em 2024, que comprometeu a florada em várias regiões produtoras.
Por outro lado, a projeção para o café robusta é otimista. O USDA estima que a produção nacional alcance 24,1 milhões de sacas, um salto de 15% em relação à safra anterior, que foi de 21 milhões de sacas. O crescimento está ligado às condições climáticas favoráveis observadas nas principais áreas produtoras, como Espírito Santo e Bahia, que permitiram uma boa florada e robusta formação de frutos.