Soja pressionada: por que o produtor está travando vendas mesmo com demanda firme?

Apesar de um cenário internacional desafiador, com queda expressiva nas cotações em Chicago e clima favorável ao desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos, o mercado interno brasileiro de soja tem demonstrado certa resiliência. De acordo com a mais recente análise da Grão Direto, a demanda externa aquecida e os prêmios portuários elevados têm atuado como escudo contra um colapso mais forte nos preços.

Segundo o USDA, 70% das lavouras norte-americanas estão em condições boas ou excelentes — uma notícia que pressionou o mercado futuro, derrubando o contrato de agosto para US$ 9,62 por bushel, uma queda semanal de 3,7%. Com os fundos de investimento liquidando posições, o viés permanece baixista, ao menos até que alguma mudança climática relevante nos EUA entre no radar.

Enquanto isso, no Brasil, o produtor mostra cautela. A comercialização da safra 2025/26 segue lenta, com apenas 17,5% negociado no Mato Grosso até julho — ritmo abaixo da média histórica. O motivo? Margens apertadas e uma relação de troca ainda desfavorável frente aos preços dos fertilizantes MAP, DAP e ureia, que continuam elevados quando comparados ao mesmo período do ano passado.

O dólar, que recuou levemente para R$ 5,55, também contribuiu para a estabilidade parcial dos preços no mercado físico nacional, que operou com leves altas na última semana. Para o curto prazo, o clima segue sendo o principal vetor de atenção global. Caso o tempo continue colaborando nos EUA, o cenário de oferta farta tende a manter a pressão sobre os preços.

Contudo, o Brasil ainda conta com um trunfo: a força das exportações e o apetite do mercado internacional pela soja nacional, que segue com prêmio competitivo frente aos EUA.