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Guerra comercial: exportadores veem oportunidade na América Latina

Exportadores dobram interesse na América Latina antes e depois do “Dia da Libertação"



Foto: Pixabay

A guerra comercial e os novos acordos internacionais vêm alterando o comportamento das empresas exportadoras, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (20) pela Allianz Research, braço de pesquisas macroeconômicas da Allianz Trade. O levantamento, intitulado Allianz Trade Global Survey 2025: Trade war, trade deals and their impacts on companies, revela um aumento no interesse pela América Latina como destino estratégico para exportações.

De acordo com o estudo, o interesse na região dobrou, passando de 5% para 10% antes e depois do que o relatório denomina como “Dia da Libertação”. Entre os chineses, o crescimento foi ainda mais expressivo, com aumento de 10 pontos percentuais, saindo de 5% para 15%. “35% com exposição à cadeia de suprimentos na América Latina após o Dia da Libertação, contra 24% antes”, apontaram os entrevistados chineses, segundo o documento.

Exportadores europeus também demonstraram maior atenção à região. O interesse entre os franceses subiu de 4% para 15%, e entre os alemães, de 2% para 6%. Empresas norte-americanas com atuação na América Latina também apontaram preferência por manter operações na região, alterando a tendência anterior de relocação para Europa Ocidental ou Ásia-Pacífico.

O relatório também analisou o interesse setorial. O setor de energia registrou a maior alta, de 4% para 18%. A mineração passou de 6% para 19%. A manufatura subiu de 4% para 9%, a agricultura de 5% para 9% e o atacado de 5% para 7%. Segundo os economistas da Allianz, “as exportações de commodities da América Latina aumentaram nos últimos anos, impulsionadas pelas riquezas naturais e minerais, levando tanto a União Europeia quanto a China a estabelecer acordos comerciais mais estreitos com os países latinos”.

Em relação aos prazos de pagamento nas exportações, o levantamento mostra que apenas 11% das empresas recebem em até 30 dias, índice estável em relação ao ano anterior. Cerca de 70% das empresas recebem entre 30 e 70 dias, com índices mais elevados no Reino Unido (75%), França (73%), Itália (73%) e EUA (73%).

A China continua sendo o país com mais empresas enfrentando prazos superiores a 90 dias: 6% dos exportadores chineses são pagos após esse período, ante 3% na média global. A manufatura é o setor que mais enfrenta atrasos, enquanto empresas de varejo, tecnologia e construção possuem prazos médios inferiores a 50 dias.

O relatório mostra que 28% das empresas do setor agrícola esperam uma redução nos prazos, abaixo da média geral de 32%. Já os setores de manufatura e comércio demonstram expectativa de estabilidade nos pagamentos, com 24% cada.

Quanto à inadimplência, o estudo aponta que 48% dos exportadores preveem aumento no risco de não pagamento nos próximos seis a 12 meses. Esse percentual era de 37% em 2024. O aumento foi mais acentuado no Reino Unido (+24 pontos percentuais) e nos Estados Unidos (+21 pontos), onde 62% e 56% das empresas, respectivamente, esperam crescimento do risco. A Itália também aparece entre os países mais preocupados, com 59%.

Em contraste, as expectativas são mais contidas na China (43%) e menores na Alemanha e França, ambas com 34%. Entre os setores, os de atacado e varejo lideram a preocupação com inadimplência (50%), seguidos pela manufatura (46%) e pela agricultura (40%). O estudo também identificou que empresas com maior faturamento percebem riscos mais elevados de não pagamento.

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