Aproveite o momento para fixar preços da soja

Segundo análise da TF Agroeconômica, o mercado da soja está marcado por incertezas geopolíticas e comerciais, mais do que por riscos climáticos. A tensão entre Estados Unidos e China, somada às decisões imprevisíveis do ex-presidente Donald Trump, torna o ambiente volátil. Mesmo que um acordo entre os dois países se concretize, os impactos positivos sobre os preços em Chicago tendem a ser limitados, já que as importações chinesas estão em queda. Por outro lado, o aumento do uso de óleo de soja para biodiesel, no Brasil e nos EUA, pode fortalecer a demanda interna e sustentar os preços.

Para a safra atual, a recomendação da consultoria é aproveitar o momento de possível retomada do diálogo entre EUA e China, o que pode elevar os preços em Chicago e o dólar, favorecendo a fixação de preços. Já para a próxima safra, o conselho é duplo: não vender o grão fisicamente — para evitar problemas em caso de perdas na colheita — e, ao mesmo tempo, fixar preços futuros na Bolsa de Chicago ou na B3, garantindo margens de lucro que podem alcançar 31%.

Entre os fatores de alta estão os sinais de abertura chinesa para negociações, as compras recentes de soja americana por Pequim (139,4 mil toneladas), e a suspensão mútua de tarifas sobre produtos estratégicos, como etano, eletrônicos e itens farmacêuticos. Esses movimentos sugerem um esforço das duas potências para manter o comércio ativo, apesar das tensões.

No entanto, há também pressões de baixa: o avanço da colheita no Brasil (94,8% da área) e na Argentina (23,6%), a iminente elevação das tarifas de exportação argentinas de 26% para 33%, e o rápido progresso do plantio nos EUA (18% da área), sustentado por chuvas recentes. Esses elementos reforçam a necessidade de estratégias bem calculadas por parte dos produtores brasileiros para garantir boa rentabilidade.