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Evento reúne setor e debate alta no preço do café

ENCAFÉ reúne quase mil participantes e debate desafios do setor



Foto: Pixabay

A 30ª edição do Encontro da Indústria de Café (ENCAFÉ), promovida pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) com patrocínio do Sebrae, foi realizada entre os dias 23 e 25 de abril no Royal Palm Hall, em Campinas (SP). O evento reuniu 971 participantes, 477 empresas, 73 palestrantes e 32 expositores, consolidando-se como um dos principais fóruns do setor cafeeiro.

Durante o encontro, o presidente da ABIC, Pavel Cardoso, destacou os desafios enfrentados pela indústria com a alta no preço do café verde. “Uma indústria pequena, por exemplo, de cem sacas de cafés, estava pagando, em média, R$1.300,00 em uma saca em novembro de 2024, hoje, paga entre R$2.300,00 à R$ 2.600. A indústria se vê impactada com esse cenário. Equalizar o aumento do verde e o valor na prateleira é extremamente complexo e desafiador. Ainda temos altas remanescentes a serem entregues. O grande olhar será para esse próximo trimestre que estamos vivendo, quando, talvez, teremos uma leve redução de consumo, mas, certamente um mais consciente frente a possíveis desperdícios.”

O presidente da National Coffee Association (NCA), William Bill Murray, participou remotamente e enfatizou a necessidade de um ambiente regulatório estável. “Precisamos de um mercado bem organizado e seguro. A nossa intenção é garantir que as agências reguladoras tenham informações precisas sobre o café para que atuem de forma reativa.” Ele apresentou dados da “Pesquisa Nacional do Consumidor da NCA – Consumo de Café nos EUA” e observou que, apesar de um crescimento gradual no consumo, a concorrência aumentou significativamente. “Se antes havia de 15 a 30 marcas de bebidas, hoje, é possível encontrar mais de 970 opções.” Murray alertou ainda para os impactos da alta dos preços e das tarifas impostas pelo governo Trump no consumo americano. “A NCA solicitou ao governo americano isenção do café em relação a qualquer taxa.”

O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (DIPOV) do Ministério da Agricultura e Pecuária, Hugo Caruso, também esteve presente e falou sobre o combate ao café adulterado. “Passaremos nossas autuações e ela vai realizar uma análise. Estando tudo de acordo com a legislação, a Anvisa proibirá a comercialização dos produtos dessas marcas.”

O varejo foi outro tema abordado no ENCAFÉ. O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), João Galassi, e o vice-presidente institucional da entidade, Márcio Milan, discutiram os impactos das altas nos preços e o papel do café na cesta básica. “Apesar das frequentes altas enfrentadas, o café tem uma importância na vida dos brasileiros a ponto de eles fazerem substituições, mas, não deixarem de consumir o café. O mais importante é mantermos a qualidade e a essência do que é o café brasileiro e informar aos clientes que eles estão consumindo um item de qualidade produzido pelos cafeicultores brasileiros. Quanto mais trabalharmos juntos, mais beneficiaremos todos nós”, afirmou Milan.

O analista do Rabobank Brasil, Guilherme Morya, avaliou o momento atual como de estoques limitados. “Não tem café físico no mercado disponível e, ainda, temos as incertezas tarifárias. Porém, mesmo em um ambiente de preços elevados, a demanda segue resiliente. Até termos um alívio nos estoques e ofertas de café, essa tônica de preço alto estará presente.”

O encerramento do evento foi marcado pela segunda fase da etapa Campinas/São Paulo do 3º Campeonato Brasileiro de Blends de Café. Os classificados para a grande final foram Elder Caetano Oliveira Júnior, da Nuance Araguari, Larissa Emanoela Rinco, da Horlando Agro Coffee Ltda., e Luiz Henrique Araújo Oliveira, da Café Forte de Minas. O local da final será anunciado em breve.

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