CI

”O que produzimos precisa chegar com confiança à dona de casa”, defende Alceu Moreira

Rastreabilidade é chave para conquistar mercados internacionais



Foto: Aline Merladete

Na quinta-feira, 21 de agosto, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) foi palco do Seminário Cadeia das Proteínas: Combustível e Alimento para o Mundo, que reuniu representantes do agronegócio e parlamentares para debater a relevância estratégica do Brasil na produção de alimentos e biocombustíveis. O encontro também destacou o papel do país na transição energética global.

O presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), defendeu que o crédito rural brasileiro pode alcançar R$ 1 trilhão, desde que novas regras sejam estabelecidas para ampliar a participação de fundos regulados pelo Banco Central. Segundo ele, bastaria permitir que esses fundos adquirissem Cédulas de Crédito do Agronegócio (CLCA) e as utilizassem como lastro de mercado.

Além da modernização do crédito, Moreira ressaltou a necessidade de reformular o modelo de seguro agrícola. Para ele, as seguradoras devem ser corresponsáveis pela qualidade do manejo das lavouras, reduzindo riscos e, consequentemente, o custo das apólices. “O seguro está diretamente ligado ao risco. Quanto menor o risco, mais barato o seguro. Precisamos criar uma plataforma positiva, onde o produtor cadastra com transparência todos os dados da propriedade. Quem provar integridade terá custo muito menor”, afirmou.

Atualmente, segundo o parlamentar, o sistema penaliza os bons pagadores, já que o risco é nivelado entre todos os produtores. “Não é justo. Quem é honesto paga pelo mau pagador. Na plataforma positiva, ninguém é obrigado a estar, mas quem não aderir não terá crédito nem seguro. A integridade passa a ser a moeda mais valiosa do setor”, disse.

O grande desafio do agronegócio brasileiro não está apenas em produzir mais, mas em garantir que o que chega à mesa do consumidor venha acompanhado de confiança. Para Alceu Moreira, não basta abrir mercados ou vencer barreiras comerciais: é preciso conquistar a dona de casa – ou o dono de casa – que vai ao supermercado escolher os alimentos. E essa confiança se constrói com transparência, rastreabilidade e qualidade, mostrando ao consumidor final que o produto brasileiro é seguro, sustentável e confiável do campo até a prateleira.

Durante sua participação no seminário, Moreira também enfatizou a importância da integração entre as diferentes cadeias do agronegócio. “Temos o grande produtor de soja na Aprosoja, o de milho na Abramilho, o de cana na Única, os de proteína animal na BIEC e outros grupos. Cada um trabalha na sua área, mas todos estão interligados. O que hoje é grão de soja, amanhã vira frango. Se eu abro mercado demais para proteína, mas não tenho grão suficiente, há desequilíbrio”, explicou.

Para ele, encontros como esse funcionam como núcleos de inteligência estratégica, capazes de alinhar toda a cadeia produtiva. “É uma roda dentada: o dente da soja toca o dente do frango, que toca o dente da proteína bovina. Precisamos olhar o agro de ponta a ponta: da preparação do solo até a prateleira do supermercado”, concluiu.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.