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Brasil precisa de defesa agropecuária forte para enfrentar surtos sanitários, afirma Anffa Sindical

Auditores cobram ação do governo após foco de gripe aviária



Foto: Divulgação

O primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) registrado em uma granja comercial no Brasil expõe a fragilidade do sistema de defesa agropecuária nacional. De acordo com os dados que foram divulgados pela Anffa Sindical, o episódio confirma uma deficiência estrutural que vem sendo denunciada há anos pelo sindicato dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários.

O foco foi detectado em Montenegro, no Rio Grande do Sul, e representa a primeira vez que a doença atinge diretamente a produção comercial de aves no país. A situação acende um alerta sanitário e evidencia a necessidade urgente de reforçar a vigilância agropecuária brasileira.

A influenza aviária é altamente contagiosa e pode provocar impactos devastadores para o setor avícola, no qual o Brasil ocupa posição de destaque mundial. Em 2024, segundo a ABPA, as exportações de carne de frango somaram 5,294 milhões de toneladas, 3% a mais que em 2023. A presença do vírus no circuito produtivo ameaça não apenas o abastecimento interno, como também a imagem sanitária do país no mercado internacional.

Diante do foco confirmado, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) colocou em prática as ações previstas no plano de contingência, incluindo o isolamento da área e o sacrifício sanitário das aves. No entanto, o Anffa Sindical alerta que o Brasil enfrenta um grave déficit de auditores fiscais agropecuários, o que pode comprometer a eficácia dessas medidas.

Atualmente, o número de profissionais em atividade está muito abaixo do necessário para responder com agilidade a emergências sanitárias. Por isso, o sindicato defende a convocação imediata dos aprovados no último concurso público, incluindo os nomes que constam no cadastro reserva.

Além do reforço no quadro de servidores, a entidade também destaca a necessidade de modernizar a infraestrutura da defesa agropecuária, com renovação da frota de veículos e aquisição de novos equipamentos, fundamentais para garantir resposta rápida em campo.

“O enfraquecimento da inspeção pública coloca em risco a reputação construída com tanto esforço ao longo de décadas e compromete a saúde da população. O Brasil precisa de uma defesa agropecuária forte, pública e estruturada para enfrentar os desafios sanitários que se impõem”, afirma o presidente do Anffa Sindical, Janus Pablo Macedo.

O sindicato também faz um alerta adicional: a minuta da Portaria nº 1.275/2025, em consulta pública, pretende autorizar frigoríficos a contratarem diretamente os médicos-veterinários responsáveis pela inspeção de animais destinados ao abate. Segundo o Anffa, a proposta representa um conflito de interesses que ameaça a credibilidade do sistema sanitário nacional e foi denunciada ao Ministério Público Federal.

“Sabemos que o prejuízo financeiro às granjas será imenso, mas é preciso agir com rigor e eficiência. O controle sanitário deve ser conduzido por servidores públicos de carreira, com estabilidade e compromisso com a sociedade — e não por funcionários das empresas fiscalizadas”, reforça Macedo.

Apesar das dificuldades, o Anffa Sindical afirma que os auditores fiscais seguem atuando de forma incansável para conter a influenza aviária. Contudo, a entidade reforça que somente com investimento contínuo e estrutura adequada será possível proteger de forma eficaz a produção avícola nacional e a segurança alimentar do país.

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