Manejo de gramíneas: cinco erros comuns que comprometem a produtividade das pastagens
Erros técnicos em pastagens elevam custos e reduzem desempenho

Diagnóstico inadequado, adubação desequilibrada e sobrepastejo ainda limitam o desempenho das gramíneas forrageiras no Brasil, segundo dados da Embrapa
Gramíneas tropicais como braquiária e panicum são a base da alimentação em mais de 90% da pecuária de corte e leite no Brasil. No entanto, falhas técnicas recorrentes ainda comprometem a produtividade, a longevidade dos pastos e a sustentabilidade dos sistemas forrageiros. Levantamentos da Embrapa apontam cinco erros frequentes no manejo que devem ser evitados para garantir o uso eficiente das pastagens.
1. Ausência de planejamento forrageiro
Um dos principais equívocos é iniciar o cultivo de gramíneas sem a devida análise de solo ou sem um plano de dimensionamento da área em função da carga animal. De acordo com a Embrapa Gado de Corte, o uso inadequado das cultivares — sem considerar clima, tipo de solo e exigências nutricionais do rebanho — leva à degradação precoce e baixa eficiência do sistema.
2. Adubação feita sem base técnica
Muitos sistemas utilizam adubação de forma empírica ou irregular, sem análise química do solo. A aplicação desbalanceada de nitrogênio e fósforo, por exemplo, pode resultar em acúmulo de massa sem valor nutricional proporcional, além de estimular o surgimento de invasoras. A recomendação da Embrapa é realizar a correção da fertilidade na implantação e manter adubação de manutenção, com base em análises periódicas.
3. Controle tardio de plantas daninhas
O controle de invasoras ainda é feito de forma reativa, apenas quando a infestação está avançada. Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), práticas preventivas, como roçadas periódicas, adubação equilibrada e manutenção da altura adequada do pasto, são mais eficazes e menos onerosas. O controle integrado deve fazer parte da rotina de manejo.
4. Sobrepastejo e compactação do solo
A lotação acima da capacidade de suporte da área é responsável por parte significativa da degradação de pastagens. Informações técnicas da Embrapa apontam que o pastejo contínuo, sem períodos de descanso, compromete a rebrota das gramíneas e compacta o solo, reduzindo a infiltração de água e o crescimento das raízes. O uso de manejo rotacionado e o ajuste da carga animal são medidas recomendadas.
5. Ausência de recuperação ou reforma de pastagens
Cerca de 50% das pastagens brasileiras apresentam algum grau de degradação, segundo levantamento da Embrapa Monitoramento por Satélite. Muitos produtores mantêm áreas improdutivas por anos, sem adotar práticas de recuperação como a adubação corretiva, replantio ou integração com culturas agrícolas. O uso de sistemas como a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) tem mostrado resultados positivos na renovação e no aumento da produtividade das áreas forrageiras.
Impactos e soluções
Os erros no manejo de gramíneas geram perdas econômicas significativas e aumentam os custos de produção. A adoção de práticas baseadas em critérios técnicos e o uso de indicadores agropecuários — como capacidade de suporte, taxa de lotação e altura ideal de entrada e saída do gado — são essenciais para a eficiência do sistema. A assistência técnica contínua e o uso de ferramentas como análise de solo e monitoramento remoto das pastagens são estratégias recomendadas pelos órgãos oficiais.