Mercado de trigo enfraqueceu em julho com preferência por importações
Queda foi influenciada, principalmente, pela desvalorização do dólar

Segundo dados da análise agro mensal do Cepea o mercado de trigo enfrentou uma retração em julho, com os preços do cereal recuando pelo terceiro mês consecutivo. A queda foi influenciada, principalmente, pela desvalorização do dólar e as flutuações externas, que acabaram tornando a importação do grão mais atrativa para o Brasil. Esse movimento no mercado gerou um enfraquecimento na liquidez interna, especialmente nas últimas semanas de julho.
O cenário de baixa nos preços do trigo no mercado internacional teve impacto direto no comportamento dos agentes econômicos. Moinhos de trigo, que tradicionalmente compram o cereal para abastecer a indústria, deram preferência aos produtos importados, devido aos preços mais competitivos. A facilidade de acesso ao grão de fora do país, que tem custado menos em razão da desvalorização do dólar, contribuiu para que a demanda interna ficasse concentrada nas importações, reduzindo a pressão sobre o mercado interno.
Além disso, o foco dos vendedores brasileiros esteve voltado para a finalização do cultivo da nova temporada e o acompanhamento das lavouras em desenvolvimento. Com a proximidade da colheita da safra de trigo nacional, muitos produtores estavam mais concentrados no campo do que no comércio, o que também impactou a oferta de grãos no mercado interno. Isso levou à diminuição da movimentação de negociações no mercado de trigo no Brasil.
Apesar do baixo volume de vendas internas, o cenário de enfraquecimento da liquidez não deve gerar grandes rupturas no abastecimento, já que o país ainda depende das importações para complementar a produção local. As principais origens das importações continuam sendo países como Argentina, Paraguai e outros produtores do Mercosul, que se beneficiam da proximidade geográfica e da competitividade de preços em relação ao mercado nacional.
Os analistas do setor também destacam que o movimento de baixa nos preços pode ser um reflexo de um ciclo sazonal que se repete em anos anteriores. A fase de menor procura e maior oferta no mercado interno, combinada com a redução da demanda de moinhos, tende a criar esse cenário de recessão nos preços. No entanto, a expectativa é que, com a colheita da safra nacional, o mercado interno possa se reequilibrar, com os preços estabilizando para a nova temporada.
Por fim, os especialistas apontam que, apesar das dificuldades enfrentadas neste período, o Brasil ainda se mantém como um dos maiores produtores e consumidores de trigo da América Latina. O mercado continuará sendo impactado por fatores externos, como o comportamento do dólar e as políticas comerciais de outros países, mas a produção interna tem o potencial de recuperar a confiança do mercado no segundo semestre do ano.