
Diante da escalada de tarifas impostas pelos Estados Unidos, especialmente sobre produtos agrícolas, a China desponta como um importante fator de equilíbrio para o agronegócio brasileiro. Em 2024, mais de 35% de todas as exportações brasileiras do setor tiveram como destino o país asiático. Itens como soja, carne bovina, frango, celulose, açúcar e milho seguem com fluxo contínuo, o que ajuda a manter preços e margens mesmo com restrições em outros mercados.
Segundo Luiz Felipe Cabral, executivo comercial do Grupo Fictor, a parceria entre Brasil e China vai além da venda de commodities. Trata-se de uma relação consolidada por meio de acordos bilaterais, protocolos fitossanitários bem ajustados e até mesmo presença de cooperativas brasileiras em território chinês. “A China depende do agro brasileiro para garantir a segurança alimentar de mais de 1,4 bilhão de pessoas”, afirma.
Outro fator importante é a logística já otimizada para essa rota. Tradings como Cargill, Cofco, Bunge e ADM operam com alta frequência entre os dois países, com contratos de fornecimento de longo prazo, principalmente para soja e proteínas animais. Essa previsibilidade é valiosa tanto para produtores quanto para investidores.
Por fim, a China tem facilitado acordos em yuan e ampliado linhas de crédito para importação de produtos brasileiros, reduzindo a dependência do dólar e promovendo o escoamento da produção mesmo em cenários instáveis. A diversificação da pauta exportadora também chama atenção, com crescente demanda por feijão, algodão, frutas, café especial, etanol e pescados — o que reforça a resiliência do agro nacional diante de choques externos.