Sanções contra a Rússia ameaçam segurança dos fertilizantes
A escassez elevaria os preços, reduzindo o uso

A possibilidade de sanções secundárias a países que mantêm relações comerciais com a Rússia tem gerado preocupação crescente no setor agropecuário nacional. Anderson Nacaxe, CEO da Oken.Finance, alerta que o Brasil importa cerca de 86% dos fertilizantes sintéticos utilizados nas lavouras, sendo que quase um terço dessas importações vêm da Rússia, especialmente fontes de Nitrogênio e Potássio, fundamentais para culturas como soja e milho.
As sanções, defendidas por líderes como o novo secretário da OTAN, Mark Rutte, e políticos norte-americanos, poderiam atingir diretamente Brasil, China e Índia, com tarifas que chegam a 100% sobre produtos russos. Segundo Nacaxe, o impacto seria devastador para o agronegócio brasileiro, já que em alguns estados os fertilizantes representam mais de 20% do custo total de produção. A escassez elevaria os preços, reduzindo o uso, comprometendo a produtividade e afetando as exportações.
Para mitigar os riscos, o executivo aponta três caminhos. O primeiro é a diversificação de fornecedores, com potencial de importação de países como Canadá, Marrocos e Oriente Médio. O segundo é o avanço da produção nacional de fertilizantes, especialmente com a implementação do Plano Nacional de Fertilizantes e projetos de mineração de potássio no Amazonas. O terceiro envolve práticas agrícolas mais eficientes, como o uso racional de nutrientes e a adoção de bioinsumos.
Nacaxe conclui que o cenário geopolítico é uma oportunidade para o Brasil repensar sua dependência externa e fortalecer o planejamento estratégico no abastecimento de insumos agrícolas. Com inovação e ações estruturantes, o agronegócio brasileiro pode manter sua resiliência diante de crises globais.