Cafeicultura brasileira movimenta bilhões e fica fora de pauta do governo, diz CNC
Setor cafeeiro reage à exclusão em reunião ministerial

O Conselho Nacional do Café (CNC) manifestou, nesta segunda-feira (15), preocupação com a ausência da cafeicultura nas discussões realizadas pelo Governo Federal. A crítica veio após o setor não ser mencionado durante reunião convocada para hoje e na recente coletiva do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
De acordo com informações divulgadas pelo CNC, a cafeicultura brasileira é estratégica para o país, tanto do ponto de vista econômico quanto social. O Brasil segue como o maior produtor e exportador mundial de café, com cultivo em 17 estados, distribuído por 1.983 municípios e seis biomas. A atividade gera cerca de 8,4 milhões de empregos diretos e indiretos e envolve cerca de 330 mil produtores, sendo 254 mil deles pequenos agricultores.
A entidade alerta que a falta de diálogo pode comprometer não apenas os produtores, mas toda a cadeia produtiva do café — que inclui cooperativas, indústrias, fornecedores de insumos, prestadores de serviço e exportadores. O CNC lembra que o setor responde por uma fatia significativa da balança comercial brasileira e que, segundo estimativas do Ministério da Agricultura, a cafeicultura deverá alcançar um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 124,2 bilhões em 2025, ocupando a quarta colocação no ranking nacional e representando 8,82% do VBP total.
Além da força econômica, o Conselho reforça o compromisso do setor com a sustentabilidade. O café brasileiro é cultivado em áreas com preservação de vegetação nativa e com uso crescente de práticas regenerativas. A cafeicultura também é vista como uma aliada no combate às desigualdades regionais, contribuindo para elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nas comunidades onde está presente.
O CNC destaca ainda o cumprimento rigoroso da legislação trabalhista e o acesso dos trabalhadores a direitos fundamentais, como salário mínimo, 13º, férias remuneradas, seguro-desemprego e cobertura do SUS — o que, segundo a entidade, reforça a responsabilidade social do setor. Mesmo diante do distanciamento observado nas recentes decisões estratégicas do governo, o Conselho Nacional do Café reafirma sua disposição para o diálogo e para colaborar tecnicamente com o Ministério da Agricultura, visando políticas públicas que valorizem e fortaleçam a cafeicultura nacional.