Debate sobre reforma agrária aquece no Congresso
”O problema é como o governo tem lidado com isso"

A Comissão de Segurança do Campo da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) levantou sérias questões sobre a atuação do governo no combate às invasões de terras e na condução da reforma agrária. De acordo com o presidente da CAPADR e coordenador da Comissão de Seguro Rural da FPA, deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), os dados são alarmantes, com 72 invasões de terras registradas no primeiro ano da gestão atual, um número superior ao total de invasões entre 2019 e 2022. Nogueira criticou a falta de ação do governo, destacando uma omissão que considera “absurda”.
Em sua intervenção, o deputado Evair de Melo (PP-ES), coordenador de Direito de Propriedade da FPA, acusou o MST de apropriar-se de termos importantes da agricultura, como reforma agrária e agricultura familiar, associando-os a uma agenda ideológica. Para Evair, o MST está distorcendo a verdadeira essência da reforma agrária, citando como exemplo o Espírito Santo, onde uma reforma justa e lícita foi realizada sem a intervenção do movimento.
A deputada Carolina de Toni (PL-SC) também se pronunciou, destacando as condições precárias das famílias assentadas à espera da reforma agrária. Segundo ela, o governo atual não tem cumprido suas promessas, e as famílias vivem em uma situação de extrema pobreza, com rendimentos inferiores a um salário mínimo mensal. ““A produção agrícola dessas famílias não chega a um salário mínimo por mês em média. Essas pessoas estão em situação de pobreza e indignidade. Nós queremos reforma agrária dentro dos parâmetros legais e não com a escravização que elas estão sendo mantidas”, indica.
No Rio Grande do Sul, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) criticou a forma como o governo tem lidado com os produtores rurais afetados pelas chuvas de 2024.”O problema é como o governo tem lidado com isso. Não dá acesso aos créditos, os trabalhadores perdem tudo e não têm acesso ao programa Desenrola Brasil, por exemplo. Produtores que trabalharam a vida toda e não tem mais nada. Esse é o tipo de ajuda que o governo dá ao Rio Grande do Sul, é zero. O que acontece, no fim das contas, é que quem precisa não tem amparo”, conclui.