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Mercado global de cacau enfrenta déficit e incertezas climáticas

Alta nos preços mantém atenção sobre nova safra



Foto: Pixabay

O mercado internacional de cacau segue impactado por uma combinação de oferta limitada e condições climáticas incertas, principalmente nos países da África Ocidental, que concentram cerca de 70% da produção mundial da commodity. A análise consta no Relatório de Perspectivas para Commodities, divulgado pela StoneX, empresa global de serviços financeiros.

De acordo com o estudo, a frustração da safra 2024/25 reforça o risco de um novo déficit no balanço global de oferta e demanda, que pode se configurar como o quarto consecutivo. “Se a tendência de clima favorável se mantiver, somada aos preços altos e maior margem para investimentos em manejo, há espaço para uma recuperação, embora ainda seja cedo para afirmar esse movimento”, afirmam os analistas de inteligência de mercado da StoneX, Rafael Borges e Lucca Bezzon.

Durante o primeiro semestre de 2025, os preços futuros do cacau permaneceram próximos aos níveis recordes, mantendo a escalada iniciada no começo de 2024. Segundo o relatório, a quebra de safra na Costa do Marfim e em Gana, responsáveis por cerca de 60% da produção global, provocou a menor oferta registrada nos últimos oito anos no ciclo 2023/24. As expectativas de recuperação para a temporada seguinte foram frustradas pelas condições climáticas mais secas, que afetaram o ritmo da colheita intermediária.

O relatório também destaca que a alta das cotações tem incentivado o crescimento da produção em países como Equador, Indonésia e Nigéria. Essas nações, consideradas produtores menores, apresentam aumento nas exportações, o que ajuda a atenuar o desequilíbrio global, embora, segundo a StoneX, esse avanço ainda não seja suficiente para compensar integralmente a queda de produção na África Ocidental.

Outro elemento que contribui para a instabilidade do mercado é a redução no volume de vendas antecipadas da safra 2025/26 por parte dos órgãos oficiais de comercialização: o CCC, na Costa do Marfim, e o Cocobod, em Gana. A StoneX avalia que o atraso nessas operações, importantes para a formação da política de preços ao produtor e como indicador da expectativa de produção, amplia a percepção de risco em relação ao desempenho da próxima colheita.

Ainda que os dados climáticos iniciais para a safra 2025/26 apontem para chuvas próximas da normalidade nas principais regiões produtoras, o relatório recomenda cautela no acompanhamento das condições até a colheita efetiva.

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