Cenário da soja 2025/26 exige atenção do produtor
Negociações EUA-China influenciam mercado da soja

A aproximação do ciclo 2025/26 da soja traz preocupações quanto às margens de rentabilidade do produtor. A análise é da Grão Direto, divulgada nesta segunda-feira (9), no boletim “Análise do Especialista”. Com a colheita do milho safrinha ganhando ritmo, o planejamento da próxima safra de soja começa a ser desenhado em um contexto de custos elevados e retorno financeiro pressionado.
“Existe uma tendência de manutenção, ou até ampliação da área plantada como forma de diluir custos e tentar garantir alguma rentabilidade”, aponta a análise. Ainda assim, o sucesso dessa estratégia depende diretamente do clima e da produtividade.
No curto prazo, a situação se mostra mais desafiadora em regiões como Mato Grosso, norte de Goiás, Tocantins e o Matopiba. Nessas localidades, produtores que operam com terras arrendadas enfrentam margens negativas, o que pode reduzir o estímulo ao plantio. “Mesmo com possível redução de área, isso não garante reação positiva nos preços”, alerta o especialista.
No mercado internacional, os contratos de soja têm encontrado algum suporte na Bolsa de Chicago, motivados pela expectativa de retomada das negociações comerciais entre Estados Unidos e China. Um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping está previsto para esta segunda-feira, com foco na discussão sobre tarifas de importação.
“A China ainda possui posições em aberto para atender à demanda dos meses de agosto e setembro, antes da entrada da nova safra norte-americana”, indica a análise. Essa lacuna pode gerar compras adicionais no curto prazo, caso haja avanço nas negociações bilaterais. Em resposta, os preços em Chicago ensaiam recuperação técnica, com leve alta, movimento que pode ganhar força ao longo da semana.
No câmbio, o mercado segue sensível às medidas fiscais anunciadas pelo governo brasileiro, como o fim da isenção do Imposto de Renda para aplicações em LCI e LCA, além do aumento da taxação sobre apostas. A expectativa é que essas medidas sejam oficializadas nos próximos dias.
Simultaneamente, a reunião entre EUA e China, prevista para ocorrer em Londres, também influencia o comportamento do câmbio, trazendo volatilidade aos mercados. A variação do dólar segue sendo um fator de impacto indireto sobre os preços agrícolas no Brasil.
“Essa semana, o mercado da soja deve continuar se movendo mais por causa das notícias lá de fora do que por qualquer mudança aqui dentro”, afirma a análise. “As conversas entre China e Estados Unidos e o sobe e desce do dólar podem mexer com os preços. Por isso, é importante ficar de olho nesses fatores, porque eles devem ditar o ritmo do mercado nos próximos dias”.