Mercado de açúcar e etanol se prepara para mudanças

Um relatório divulgado por Lucas Brunetti, analista do Itaú BBA, aponta que a recuperação da produtividade agrícola em diversos países da Ásia deve impulsionar significativamente a produção global de açúcar na safra 2025/26. Esse cenário pode levar o mercado a registrar um excedente de oferta nos próximos anos, o que tende a pressionar os preços internacionais da commodity.

No Brasil, a perspectiva para a produção de cana-de-açúcar já é de queda nesta safra, mas o relatório alerta para um risco ainda maior: a possibilidade de uma redução mais acentuada do que a esperada. A menor oferta de cana impacta diretamente a produção de açúcar e de biocombustíveis, especialmente o etanol.

Mesmo com um avanço robusto na produção de etanol a partir do milho, isso não será suficiente para compensar a queda no volume de etanol produzido com base na cana. Com isso, a oferta total de etanol no país deverá ser inferior à das safras anteriores, o que pode pressionar o abastecimento interno.

A demanda pelo etanol segue aquecida no Brasil, e a expectativa é de que os preços do biocombustível mantenham tendência de alta em relação à gasolina ao longo da safra 2025/26. Esse cenário pode influenciar o consumo e os investimentos no setor, exigindo atenção de produtores e usinas nas decisões estratégicas.

“O programa Renovabio vem apresentando alguns desafios por conta da inadimplência e judicialização das metas individuais por parte de algumas distribuidoras de combustíveis (a parte obrigada a cumprir com as metas de descarbonização), além da morosidade dos órgãos competentes em aplicar as punições cabíveis. Essa situação segue levantando dúvidas sobre a possibilidade de sucesso do programa no longo prazo”, diz.